terça-feira, 20 de novembro de 2012

De volta à rotina





Pouco mais de 140 dias afastado das quadras devido a uma síndrome de Hoffa, Rafael Nadal, atual campeão de Roland Garros, ausente desde a inesperada eliminação para Lukas Rosol em Wimbledon, voltou hoje a uma quadra de tênis, algo que faz há muito tempo com muita dedicação, foco, objetividade, dentre vários outros atributos.

A falta que ele faz ao circuito é inegável. Com todo respeito a Federer, Djokovic e Murray, Nadal é dono de um estilo único, que mudou para sempre a maneira de jogar tênis.

 Para mim, que o acompanho desde meados de Roland Garros 2007, sei muito bem das limitações deste atleta que depende demais do físico para ser tão competitivo como é.

Não é de hoje que seu joelho o traz problemas. Este sempre teve que conviver com lesões, como explicado acima, mas jamais teve algo tão grave quanto teve este ano que o fez perder quase a metade do circuito.  Com a notícia de lesão pós-Wimbledon, certamente, muitos como eu temeram o pior...  Um claro sinal, que com a idade passando, o corpo, obviamente vai se desgastando, e com isso vai ficando mais vulnerável a lesões. Nada mais natural, que, infelizmente, seu jogo vá decaindo com o tempo. E com o tênis cada vez mais físico do que técnico, resta saber até onde o espanhol pode chegar...

Todos nós pudemos perceber o quão doloroso posso ter sido a ausência do espanhol, especialmente durante a Olimpíada, e o que significaria para este ser o porta-bandeira do seu país. Por motivo de força maior, este não pôde concretizar o seu desejo. Quem sabe não fica pra 2016?

É evidente que a partir de agora Nadal passe a disputar mais jogos no saibro, onde é claramente sua superfície favorita, e este desgasta menos o joelho, por ser uma superfície mais lenta que as quadras rápidas(hards) de cimento.

Seu retorno em um torneio deverá acontecer no torneio-exibição de Abu Dhabi no próximo dia 28/12, onde estarão lá Andy Murray, Novak Djokovic, dentre outros. Será importantíssimo para verificar em que nível o espanhol de Mallorca estará depois de tanto tempo fora da ação e o que precisa evoluir até o Aberto da Austrália. Neste último, acredito que poderá chegar à segunda semana, mas conquistar o torneio parece ser algo bem distante. No entanto, nunca duvidem deste ser.

O ex-número 1 do mundo claramente não é o tenista mais talentoso do circuito. Porém, joga com raça, paixão, nunca se dá por vencido, é batalhador, guerreiro... Segundo o treinador e tio Toni Nadal, "Rafa" não é especial, mas joga com o coração".

Rafael Nadal está feliz de novo. Segundo o próprio, "não há felicidade sem sofrimento". E como sofreu para reencontrá-la...


Abaixo, o vídeo de Rafael Nadal voltando à rotina:



terça-feira, 13 de novembro de 2012

Tetra!!!!!!!

 



Presidente Prudente, 11/11/2012. 18:59 da noite. No estádio José Eduardo Farah, o Fluminense abrira dois gols de vantagem sobre o desesperado Palmeiras, mas o adversário em menos de 5 minutos conseguira igualar o marcador. O placar já passava dos 40 do segundo tempo, e o único Tricolor do mundo só precisava de um gol para comemorar o 4º título brasileiro de sua gloriosa história. O time ia para o ataque, Thiago Neves toca pra Jean, e o volante, como um exímio lateral direito, cruza rasteiro pra Fred, o matador, o destruidor, artilheiro do campeonato com 19 anos, chutar para a eternidade. A partir daquele momento, o camisa 9 só corroborava ainda mais o seu nome na história do Tricolor. História que vem sendo escrita shakespeariamente desde 2009. Ao apito final de Leandro Vuaden, Galvão Bueno bradava, como em 1994: "É TETRAAAA! É TETRAAA"!

Com 76 pontos, após o empate do Atlético-MG o Fluminense sagrava-se campeão brasileiro dois anos após o tricampeonato, este que só veio após 26 anos de espera. Se há dois anos o protagonista foi um argentino baixinho chamado Darío Conca, desta vez Fred, que decidiu muitos jogos, teve sua vez. Literalmente mandou na grande área, fez "arte", como o voleio contra o Flamengo...

A campanha foi quase impecável: em 35 jogos, 22 vitórias, 10 empates e apenas 3 derrotas. Para os adversários invejosos que querem tirar o mérito dessa conquista, só lhes resta o silêncio. Já dizia Nelson Rodrigues: "Grandes são os outros, o Fluminense é enorme." Tão enorme que fez o Brasileirão, um dos campeonatos mais difíceis do mundo parecer um Espanhol, onde um time parece ser infinitamente superior a todos os outros, e conquistou o título com três rodadas de antecipação.

Além de Fred, tivemos muitos outros jogadores importantes na campanha. Diego Cavalieri, sem duvidas o melhor goleiro dos últimos 30 anos do Flu, e por que não colocá-lo ao lado de Castilho, Paulo Victor e Felix? Em muitos jogos, pegou pensamento. Quando é marcada uma penalidade contra o Flu, acredito que muitos torcedores ficam aliviados, pois sabem que ali guardando as traves há um goleiro com uma frieza espetacular, que é capaz de defender um pênalti ao apagar das luzes de um Fla x Flu. O que o aguarda no Maracanã, quando este estiver a todo vapor outra vez?

Wellington Nem, o motorzinho do time. Quando a bola chega aos seus pés, ele ganha na velocidade do adversário, que cai estatelado no chão, como um jaca madura, e vai correndo, correndo, até deixar a velocidade luz pra trás. Ou entãi,dribla este, que após um piscar de olhos, já o vê bem longe, no horizonte... Também decidiu muitos jogos, como o confronto contra o Inter no Beira-Rio.

Deco, apesar de ter sofrido com lesões, tem visão de jogo privilegiada, um toque simples pode deixar o companheiro na cara do gol. Também possui uma vasta chapelaria espalhada por aí...

Jean, o coringa do time. Volante de origem, também joga na lateral direita. Foi responsável pela transição ao ataque, apoiava, arriscava de fora da área e acertava. E, claro, muito bem na marcação.

Gum, invencível pelo alto. Um dos símbolos do time de guerreiros de 2009, a imagem deste vibrando com o gol marcado contra o Cerro Porteño jamais sairá da minha mente. Com a cabeça enfaixada, este se meteu na área, e como um atacante, fez o gol de empate naquele dia. Foi um leão na defesa, e com sua cabeçada mortal nos deu três pontos contra a Ponte Preta.


Os garotos recém chegados da base, Bruno, Carlinhos, Thiago Neves e todos os outros certamente também contribuíram para este título. O ambiente extremamente harmonioso do clube tornou possível este título.

E, é claro, Abel Braga. Dou graças ao presidente Peter Siemsen por tê-lo esperado durante 3 meses no ano passado. Vindo da Arábia, para assumir o Fluminense pela segunda vez, pegou um time "quebrado" após o tricampeonato e após a conturbada saída de Muricy Ramalho. Quase como um "pai" para os jogadores, reergueu o time, terminou o Brasileiro em 3º, e montou a base para a equipe campeã deste ano. Apesar de algumas substituições desnecessárias que nos custaram alguns pontos, conseguiu dar um padrão a equipe que vem dando muito certo até aqui.

Para aqueles indivíduos que dizem: "pague a série B." Eu simplesmente responderei: "Claro, desculpe a demora, você teria troco pra 4?"


É evidente que desde 2007, após o título da Copa do Brasil, o Fluminense é outro time. Respeitado Brasil afora, virou time cascudo, de chegada, acostumado a brigar por títulos. 3 títulos nacionais em 6 anos. Se continuar assim, prevejo um futuro espetacular para o tricolor.


2013 vem aí. É hora de tratar da América. 3ª Libertadores consecutiva. Nesta competição, ter um bom elenco não basta, é preciso saber lidar com a catimba, dentre outros. Que não caiamos num Grupo da Morte outra vez. É hora do verde, branco e grená pintar a América e o mundo!

"Sou tricolor, sempre fui tricolor. Eu diria que já era Fluminense em vidas passadas, muito antes da presente encarnação."
Nelson Rodrigues

domingo, 30 de setembro de 2012

Com a bênção dos craques passados




Fla x Flu, o clássico das multidões, sempre é chamado de jogaço, e nos dias em que temos o privilégio de assistir a estes clássicos, este certamente é o assunto mais comentado Brasil afora. E, como dizia Nelson Rodrigues: "Nas situações de rotina, um `pó-de-arroz' pode ficar em casa abanando-se com a Revista do Rádio. Mas quando o Fluminense precisa de número, acontece o suave milagre: os tricolores vivos, doentes e mortos aparecem. Os vivos saem de suas casas, os doentes de suas camas e os mortos de suas tumbas."

Precisávamos de mais 3 pontos. Uma vitória e abriríamos SEIS pontos à frente do Atlético-MG, e veríamos o tetra cada vez mais próximo!

E vencemos outro Fla x Flu, coisa normal. Certamente fomos abençoados por Castilho, Paulo Victor, dois goleiros que honradamente guardaram as metas do time verde, branco e grená, único tricolor do Brasil e do mundo.

Se os goleiros passados nos abençoaram, por que não dizer que nossos atacantes do passado também fizeram a sua parte? Fred, um gol de placa, de voleio, pro fundo das redes de Felipe, logo num Fla x Flu, fazendo explodir de alegria toda a nação pelo Brasil, após cruzamento de Deco, e como joga este luso, acha espaço onde ninguém mais acha, sempre um passe certeiro para o artilheiro do campeonato deixar sua marca, com a bênção de Ézio, Rivelino e muitos outros! Agora, são 2 bicicletas, 2 voleio e contando...(em clássicos)

Depois do gol, vimos o adversário colocar pressão após recuo do Flu. Gum, guerreiro, afastava, o Flu tentava ir ao ataque, mas pecava nos contra-ataques... O primeiro tempo terminou sem grandes chances de gol pelo adversário, exceto por uma defesa do melhor goleiro do país à queima-roupa.


No segundo tempo, Thiago Neves, abençoado pela camisa 10, bateu falta próxima a meia lua. A pelota faz sua trajetória, passa a barreira adversária, e carimba o travessão. Felipe, batido, só observara. O Flu só não ampliou por puro capricho...

O Flamengo pressionava, o Flu tinha dificuldades para voltar ao ataque. Em outro lance, T. Neves carimba o travessão outra vez. A sorte não estava ao lado deste hoje...

O tempo passava, os nervos aumentavam, o fim de jogo se aproximava. Eis que Abel Braga, de maneira "brilhante" mais uma vez resolveu colocar Diguinho. Assistindo ao jogo, confesso que chamei o indivíduo de todos os nomes possíveis. Ora, como se não bastasse a pressão absurda que estávamos tomando, o treinador ainda insiste num erro, em algo que já dera errado outra vez(quem não lembra do jogo contra o Figueirense). Passou pela minha cabeça que este volante poderia fazia outra bobagem... E fez...

Eis que o sr. Rodrigo derruba o jogador adversário na área. Já passava dos 40 minutos... Quem vai para a cobrança é Bottinelli... Mas, a meta está muito bem guardada por Cavalieri, o melhor do país na sua posição(alô Mano!)

Em um momento como estes, a sensação era de que o mundo havia parado. Todos olhavam para estes dois jogadores. Bottinelli, o mesmo daquele fatídico Fla x Flu do ano passado, no qual marcou dois gols "espíritas", estava frente a frente com nosso goleiro. Mas, dessa vez, o Flu levou a melhor! Cavalieri defendera, certamente porque Castilho, Paulo Victor e Félix também estavam presentes naquele lance, o lance que pode ter definido o campeão brasileiro!

O adversário ainda teve um gol corretamente anulado minutos depois. Ao apito final, a nação tricolor enfim pôde comemorar a sofrida vitória. Se não é sofrido, não é Fluminense, certamente o pior time do mundo para se torcer, caso você seja cardíaco. Não derrotávamos o Flamengo duas vezes seguidas desde 2004. Ainda estamos invictos em clássicos no Brasileirão. Faltando 10 rodadas pro fim, o Flu abre 6 pontos de vantagem sobre o vice-líder.

Próxima rodada, outro clássico contra o Botafogo. Sinceramente, não lembro a última vez que o vencemos em Brasileiros. Está na hora disto voltar a acontecer... Com a bênção de todos aqueles heróis do passado, o Flu segue em passos firmes rumo ao quarto título brasileiro de sua gloriosa história.Vencemos mais um clássico que surgiu 40 minutos antes do nada! AVANTE, GUERREIROS!

COMENTÁRIOS ADICIONAIS:

-Esse Bruno é muito ruim, erra todos os cruzamentos. Wallace já!
-Valencia no lugar do Edinho, este último é muito pesado para jogar de volante e não sabe sair jogando.
-W. Nem sempre deixando todos para trás com sua velocidade, incansável, passa pelos adversários, passa por Marte, Urano, Vênus, Plutão, deixando até o Sistema Solar para trás.
-Será Fred o novo Assis?
 -Abel completou o 167º jogo a frente do Flu. Já é o quarto maior nesse aspecto. Nosso camisa 10 atuou com o manto pela 150ª vez. Ambos saíram sorrindo.
 Comentei que, se vencêssemos hoje, o tetra seria nosso. AMÉM!

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Can we?





O Brasil está de volta ao Grupo Mundial da Copa Davis aós nove anos de esperanças e frustrações em busca de retorno à elite. Batemos na trave muitas vezes abrindo de 2 x 0, ou até mesmo perdendo match points em batalhas épicas. Mas, enfim, estamos de volta!

O regresso se deve após batermos a Rússia, bicampeã da Davis, mas desfalcada de Nikolay Davydenko por 5 x 0 no saibro lento de São José do Rio Preto. Bellucci e Rogerinho, duas vezes, e Marcelo Melo e Bruno Soares nas duplas carimbaram a classificação sobre a equipe russa formada por Igor Andreev, Alex Bogomolov, Teymuraz Gabashivili e Stanislav Vovk.

E, no sorteio para a primeira rodada do ano que vem, demos azar. Poderíamos enfrentar em casa a Espanha, República Tcheca, Áustria e Croácia. Mas,ficou decidido que iremos enfrentar os EUA na casa deles. A equipe provavelmente será formado por John Inner, exímio sacador,  Mardy Fish, jogador agressivo, e os multicampeões duplistas Bob e Mike Bryan.

Sobre nossas chances, vejo o Bellucci capaz de nos dar dois pontos nas simples, mas não vejo Rogerinho surpreendendo os outros simplistas. Marcelo Melo e Bruno Soares já venceram os Bryan por aí, podem ter boas chances de surpreenderem os gringos.

A primeira rodada deverá acontecer em fevereiro do próximo ano, muito provavelmente o confronto ocorrerá em quadra hard.

O retrospecto é favorável aos EUA. Foram quatro duelos, com três vitórias dos americanos. A última vez foi em 1997, em Ribeirão Preto, e terminou 4 a 1 para os rivais.

Até lá, vamos prestigiar os últimos torneios da temporada. Que Bellucci nos lidere honradamente nesta dura missão!

Outros confrontos:

Canadá x Espanha
Itália x Croácia
Bélgica x Sérvia
França x Israel
Argentina x Alemanha
Cazaquistão x Áustria
Suíça x República Tcheca

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Com um toque do destino

Andy Murray se tornou o primeiro britânico desde Fred Perry, em 1936, a vencer um Grand Slam. Este já tinha quatro finais em torneios deste porte no currículo. Até este ano, havia chegado em três delas sem vencer um único set. O talento deste cidadão sempre foi inegável, mas o mental o impedia de dar o último passo que faltava para deslanchar de vez.

Desde o início do ano, o nº 3 do mundo passou a ser treinado por Ivan Lendl, multicampeão de Majors. Quis o destino que que a história do mestre se repetisse com o pupilo. Andy Murray, na quinta tentativa, assim como Lendl, triunfou no US Open, desbancando o então campeão Novak Djokovic em um jogo épico que durou quase 5 horas, em 5 sets, 4 deles jogados em altíssimo nível e com os nervos à flor da pele.

No primeiro set, Murray chegou a quebrar o serviço do adversário, mas o nº2 do mundo conseguiu devolver. Num tie break dramático, após desperdiçar 6 sets points, em jogadas marcadas por longuíssimos rallys e pontos incríveis, o tenista de Dunblane fechou em 12/10. Importante lembrar que o vento voltou a incomodar ambos os tenistas, tal qual aconteceu nas semifinais. Quem estava no lado de baixo da quadra, ficava contra o vento e confirmar seu serviço tornava-se um verdadeiro martírio.

Sentindo o momento, Djokovic voltou errático, e viu o adversário abrir 4/0. Mesmo contra todos os prognósticos, o sérvio ressurgiu, empatou em 4/4. Ambos confirmaram seu saque uma vez, o britânico confirmou outra, e na tentativa de levar o jogo a mais um tie break, o tenista de Belgrado cometeu dois erros e viu o adversário abrir dois sets de vantagem.

Andy estava a um set da glória. Para Djokovic, o bi ficava mais distante. A última vez em que uma final masculina foi vencida por um tenista após estar com dois sets de desvantagem foi em 1949, pré Era Aberta.

A terceira parcial foi nervosa. No terceiro game, o sérvio conseguiu a quebra, e abriu 3/1. Ambos foram confirmando o serviço até 5/2, quando o vice-líder do ranking conseguiu mais uma quebra e forçou mais um set.

Logo no primeiro game, houve nova quebra para o sérvio. Ambos foram confirmando até 4/3. O jogo ganhava contornos dramáticos, a torcida enlouquecia, as namoradas dos tenistas estavam histéricas... No nono game, nova quebra no saque de Murray levou o jogo ao quinto e decisivo set.

A cabeça do escocês certamente estava a mil nessa hora. Sinceramente, achei que este iria tremer. Mas ele mostrou a todos porque é outro tenista, manteve a cabeça fria. Conseguiu uma quebra e a consolidou, abrindo 3/0. Mas, o sérvio, incansável e que nunca se dá por vencido, devolve uma destas e o placar mostrava 3/2. O britânico confirmou no game seguinte, e conseguiu nova quebra. Estava a um game de quebrar um tabu que já durava mais 3/4 de século. A Grã Bretanha enfim estava prestes a comemorar novamente outro título de seu conterrâneo num dos torneios mais importantes do circuito profissional de tênis.

Djokovic, que não é bobo ainda pediu massagem e tentou esfriar o jogo. Mas quem voltou frio foi o escocês, mostrou frieza no serviço, fechou, e comemorou(discretamente) o primeiro título de Slam da carreira.

Andy Murray, seguindo os passos de Ivan Lendl, tão criticado outrora, enfim pode afirmar que tem um Grand Slam, e assim deverá obter um respeito incontestável de todos nós. Assim, agora teremos quatro favoritos brigando por cada um dos títulos de Slam, o que só promete deixar o circuito cada vez mais emocionante.


Nos últimos 5 US Open, tivemos cinco vencedores diferentes. Há muito também não tínhamos quatro campeões diferentes em cada um dos Slams no mesmo ano. Em 2012, cada um do top 4 venceu um.

Parabéns também a Novak Djokovic. Não conseguiu conquistar o seu Slam, mas esteve dois sets atrás, esboçou uma reação, mas não foi além. Parabéns ao sérvio pela grande campanha, jogou com muita raça, em alguns momentos se atirou ao chão, 3 finais de Slam no mesmo ano não é pra qualquer um!

Sobre o ranking: Murray ultrapassou Rafael Nadal, com 8570 pontos contra 7515 do espanhol, que defendia a final. O suíço Roger Federer reina pela 295ª semana, e se afastou de Djokovic. Eliminado nas quartas o suíço teve descontado 360 pontos, já que defendia a semi do ano passado, enquanto o sérvio teve descontados 800 pontos, já que defendia 2000 do título.

Com isso, a vantagem de Federer aumentou para quase 1,4 mil pontos, mas daqui pro ATP Finals o tenista de Bottmingen ainda tem muito a defender.

O top 10: Nadal em quarto, e em seguida, David Ferrer, Tomas Berdych em sexto após a semi no US Open, Jo-Wilfried Tsonga em sétimo, Juan Martin del Potro em oitavo, Janko Tipsarevic em nono e John Isner em décimo.

Sob os olhares de Sean Connery o eterno James Bond, e após árdua luta, momentos memoráveis e joelhos ralados, Andy Murray cumpriu sua missão: conquistar Nova York!

domingo, 9 de setembro de 2012

Final, tabu e coincidências




Nesta segunda-feira, Novak Djokovic e Andy Murray se enfrentam na grande final do US Open 2012, repetindo a semi do Australian Open e da Olimpíada. O retrospecto mostra 8 x 6 para o sérvio. Este ano, ambos se enfrentaram quatro vezes, com duas vitórias para cada. Djokovic venceu a semi dramática na Austrália, em 5 sets, e triunfou também em Miami. O britânico venceu em Dubai e na semi olímpica, onde jogou o melhor tênis da carreira. Na "hard", vantagem sérvia por 6 x 4.

Esta final certamente poderia ter ocorrido neste domingo. Com o iminente tornado que passou por NY neste sábado, a organização poderia ter colocado as duas finais simultaneamente, o que não ocorreu, obrigando a partida entre Djokovic x Ferrer a ser interrompida no final do primeiro set, quando o espanhol vencia por 5/2. Desde 2007, a final masculina acontece na segunda-feira. Todos nós sabemos o quanto é prejudicial para o público, organizadores, televisão... Sem contar a chuva que novamente voltou a incomodar. Este fenômeno natural já foi contornado na Austrália e em Wimbledon. Dinheiro não falta para a organização cobrir o Arthur Ashe, quem sabe falta coragem... Voltando a semi, o espanhol vinha se adaptando melhor ao vento, mas, no reinício do jogo nesta tarde, Djokovic venceu melhor e virou em 4 sets.

Murray, que também se adaptou bem às condições adversas, venceu Berdych de virada em 4 sets, que havia surpreendido Roger Federer na fase anterior.

O sérvio, na terceira final de Slam neste ano(ganhou na Austrália e foi vice em RG), tentará seu sexto título Major.

Murray, mais uma vez, tentará quebrar a seca de mais de 70 anos de jejum que um britânico não leva um Slam. Este tem quatro finais de torneio deste porte no currículo, e perdeu todas. Vale lembrar que seu treinador Ivan Lendl também perdeu as quatro primeiras finais de Major antes de vencer a primeira. Será apenas uma coincidência?

Djokovic vem jogando muito bem até aqui, apesar de não ter repetido nenhuma vez esta temporada as atuações inspiradíssimas do ano passado. Apesar disso, vem solto, confiante, após decepcionar na Olimpíada.

O escocês, que pareceu entrar meio "avoado" em alguns jogos, terá mais uma chance para conquistar um Major, que lhe falta no currículo, e que por este fator é tão criticado. Depois da final olímpica, ele é certamente outro jogador, "aparentemente" mais maduro e que certamente poderá fazer bonito nesta decisão, com a cabeça no lugar, confiante, como fez durante toda a final olímpica. Jogar agressivamente é o melhor caminho. Apesar de mais maduro, ainda acho que seu mental é uma bomba-relógio, visto que quase rasgou o short na semifinal.
O jogo será imprevisível,decidido nos detalhes, também no mental. Todos nós esperamos um grande espetáculo de tênis na maior quadra de tênis do mundo. Djokovic conseguirá seu sexto Slam ou Murray, agora nº 3 do mundo, repetirá os passos do seu treinador?

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Federer cai. Soares faz história.


Tomas Berdych repetiu o que havia feito em Wimbledon 2010: derrotar Roger Federer em um Grand Slam, melhor de 5 sets. O tcheco, que vinha em queda livre desde a final perdida para o próprio suíço no Masters 1000 de Madri, reencontrou sua melhor forma em Nova York.

Quem começou afiado na partida foi Federer. No primeiro game, quebrou de cara o serviço do adversário. Porém, a igualdade voltou no oitavo game. Assim, o set foi decidido no tie break, e o placar foi um inapelável 7/1 para o theco.

No segundo set, Berdych manteve o ritmo, conseguiu duas quebras, com o suíço devolvendo uma delas. Na segunda oportunidade, estava a seis games da vitória.

No terceiro set, Federer esteve mais consistente, e aproveitando a queda de rendimento do adversário, levou o jogo ao quarto set.

Com o momento a favor do suíço, o theco mostrou cabeça fria, soube lidar com a pressão, conseguiu a quebra em 4/3 e no game seguinte fechou a partida.

Berdych tem a tática certa para derrotar o recordista de Slams. Seja jogando agressivo, mudando a direção da bola, este tira o suíço da sua zona de conforto. Mas, foi perceptível que o suíço não jogou bem ontem. Faltou os costumeiros slice, sua arma para sair de situações delicadas, algo que não vimos nesta última noite.

É a primeira vez desde 2003 que Federer não chega às semis do US Open. Esta é a primeira vez, tambem, desde Roland Garros 2004 que um Major não tem Nadal ou Federer nas semis.

Com a quinta vitória em dezesseis confrontos contra Federer, Berdych enfrentará o campeão olímpico Andy Murray na semi. O theco tem quatro vitórias em seis confrontos contra o britânico. Se este último quiser voltar à decisão em Flushing Meadows, terá que jogar bem melhor do que jogou em sua última partida. Marin Cilic o vencia por 1 set a 0 e 5/1 no segundo set, mas se perdeu no jogo, e o escocês conseguiu a virada. Este vem se dando melhor nas rodadas noturnas, do que nas diurnas.

E, agora há pouco, Bruno Soares conquistou o título das duplas mistas ao lado de Ekaterina Makarova, derrotando a dupla cabeça 4. O brasileiro e a russa, passaram pelos irmãos Bryan no caminho, inclusive aposentando definitivamente a belga Kim Clijsters do circuito. O brasileiro receberá uma premiação de R$75.000 pelo título, e virá muito confiante jogar a Davis contra a Rússia, que não contará com Nikolay Davydenko. O acaso formou estes campeões. O brasileiro tinha combinado formar time com a musa australiana Jarmila Gajdosova, mas ambos não tinham ranking para atuarem juntos, pois a lista é feita pelo ranking combinado da dupla.

Foi um jogo nervoso, com parciais de 6/7 (8-10), 6/1 e 12-10. A dupla do brasileiro teve duas chances de fechar o primeiro set, mas foram quebrados. No tie break, perdeu por 10/8. Voltaram fulminantes no segundo set, por pouco não aplicando um pneu. No match tie break, abriram 8/4, viram os adversários reagirem. O jogo ficou mais dramático ainda, e após salvaram dois championship points, brasileiro e russa festejaram.

Assim, o mineiro torna-se o quinto brasileiro a triunfar em um Grand Slam, ao lado de Maria Esther Bueno, Guga, Thomaz Koch(duplas mistas) e Tiago Fernandes, campeão juvenil do Australian Open 2010.

PARABÉNS BRUNO!!!!


quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Palpites para o US Open 2012


A 125ª edição do US Open de tênis ocorrerá dos dias 27 de agosto ao dia 9 de setembro. O torneio aconteceu pela primeira vez em 1881 e é disputado em quadras hard, em Newport, Rhode Island. O torneio feminino foi disputado pela primeira vez em 1887. Em 1903, Lawrence Doherty é o primeiro estrangeiro a vencer o torneio. Em 1919, o torneio é transferido para a cidade de Nova York, e em 1926 um francês, René Lacoste, torna-se o primeiro estrangeiro não falante do inglês a triunfar no US Open.

O torneio foi disputado em quadras de grama até 1974, depois em saibro verde entre 1975 e 1977. Em 1997, o estádio Arthur Ashe é inaugurado, podendo acolher 23 500 espectadores, o maior do mundo.

Os maiores campeões são Richard Sears, William Larned e Bill Tilden, todos com sete títulos.

Curiosamente, é o único Slam em que o quinto set possui tie break.

Eu mantenho as esperanças que este torneio, o mais valioso em termos de premiação, consiga uma melhor organização depois da "várzea" do ano passado, devido às chuvas constantes. Este inconveniente natural obrigou, pelo segundo ano seguido, a final masculina de simples ser disputada apenas na segunda-feira, e jogos de fases anteriores tiveram que ser disputados em dias consecutivos devido à chuva, impossibilitando aos tenistas o tradicional dia de descanso em Grand Slams. Mantenho as esperanças também de que é possivel sim, cobrir a Arthur Ashe. Sem falar dos problemas de infiltração em algumas quadras devido à estas...

Vamos aos palpites sobre os principais tenistas:

Roger Federer
Ele dispensa apresentações. Vindo do pentacampeonato em Cincinnati e do hepta em Wimbledon e ter recuperado o nº1 e quebrar o recorde de Sampras, o suíço, aos 31 anos, vem jogando de uma maneira tão competente quanto jogou na sua "era de ouro". Seus slices estão mais letais do que nunca, está seguro no saque, e seu ponto fraco, o backhand, também deu uma evoluída. A chave do suíço está boa. Estreará contra Donald Young, um jogador talentoso, mas que perdeu 18 das últimas 19 partidas, quase quebrando o recorde negativo de Vincent Spadea(21). Poderá enfrentar Berdych nas quartas, Murray nas semis e Djokovic na final.

Andy Murray
Considero o britânico o segundo favorito porque, apesar das eliminações precoces em Toronto e Cincinnati(na verdade, desistiu no Canadá), acredito que foram resultado de uma "empolgação pós-ouro olímpico", já que diante do feito acho que jogou um pouco fora de foco, sem saber o tamanho do enorme feito que havia conseguido. Acredito que este voltará focado, e certamente poderá repetir o desempenho. Jogando agressivamente, focado, confiante, com um saque potente será muito difícil pará-lo. Já achei bem provável ele ganhar Wimbledon, o que não ocorreu, embora isto só após os acontecimentos da primeira semana.
Dessa vez, vejo que o atual campeão olímpico está mais amadurecido, certamente aprendeu muito com Ivan Lendl, e o sonho de vencer seu primeiro Slam está mais vivo do que nunca! Mas, para isso, provavelmente terá de passar por Raonic nas oitavas e Tsonga nas quartas.

Novak Djokovic

Apesar do sérvio ser o atual campeão em Nova York e ser o favorito nas casas de apostas, o considero "apenas" o terceiro favorito. Este venceu em Toronto, mas ali era sua obrigação, pois não havia nenhum top 4 no seu caminho e acredito que este torneio não serviu de parâmetro. Este, em Cincinnati, levou um baile de Federer no primeiro set da final, com duplas faltas despretensiosas, cometendo muitos erros e aparentando estar desconcentrado. Embora tenha perdido o set seguinte num tie break equilibrado, acho que seu mental ainda não está em dia devido a seus problemas pessoais, e a derrota na Olimpíada e em Cincinnati. Acredito que este só estará 100% competitivo quando este problema estiver superado. Sei que pode jogar bem mais do que vem jogando... Deverá ter um estreia facil e em seguida poderá enfrentar Rogério Dutra da Silva. Se acontecer, será muito bom para o brasileiro pegar experiência contra um top 10 e jogar na Arthur Ashe...

Juan Martin Del Potro

Campeão do US Open 2009, o argentino se lesionou pouco depois, passou bastante tempo inativo, sofreu uma queda brusca no ranking, mas já voltou ao top 10. Vinha jogando muito bem, deu trabalho para o Federer em Roland Garros e nas Olimpíadas, inclusive se tornou o segundo tenista argentino a conseguir uma medalha olímpica, com o bronze conquistado em cima de Djokovic. Sofreu uma lesão no punho, pôs em dúvida sua presença em Nova York, mas deve jogar. Mas vamos ver até onde ele aguenta ir com esse incômodo. Este é dono de um forehand poderoso, e, num dia em que estiver acertando tudo, já vimos o que este é capaz de fazer. Este estreará contra o compatriota David Nalbandian, no que promete ser um jogo interessante.

Thomaz Bellucci

Deu sorte o paulista no sorteio. Este certamente vem evoluindo, após os títulos em Braunschweig e o bi em Gstaad. Mais firme mentalmente, vem se dando bem em momentos delicados, mas ainda falta mais técnica ao seu jogo, melhorar nas subidas à rede, não trocar muitas bolas e usar mais slices. O seu saque sim, está em dia. O brasileiro enfrentará Andujar na estreia, um freguês, poderá enfrentar Haase ou Lopez na rodada seguinte e, se passar Andy Murray. O paulista venceu o único confronto contra o atual campeão olímpico ano passado em Madri.

Demais tenistas

Com a ausência de Rafael Nadal, David Ferrer deverá ter um caminho mais fácil até as quartas, e acredito que não passará desta. Ele tem jogo para vencer qualquer um, mas falta o mental necessário em certos momentos.
Tsonga tem um jogo de força, mas o mental é outro obstáculo a ser superado também.
Tomas Berdych aparentemente vem em queda livre desde Madri. Depois de perder a final para Federer, foi eliminado precocemente em Wimbledon, na Olimpíada, e nos dois Masters do US Open Series.
Mardy Fish é a principal esperança americana, e a pressão da torcida poderá pesar em momentos delicados.
Não podemos esquecer de jovens como Milos Raonic e outros, que são muito perigosos nestas superfícies mais rápidas, podem vencer os top 4, mas ainda falta um pouco mais de experiência, talvez, para isto ocorrer.

Podemos esperar duas semanas de muito tênis, emoção, e,(tomara) dias ensolarados!

domingo, 19 de agosto de 2012

O favorito


Roger Federer derrotou Novak Djokovic por 2 sets a 0 e conquistou o pentacampeonato em Cincinnati. Com direito a passeio e "pneu" no primeiro set, não resta dúvidas que o suíço é o grande favorito no US Open de logo mais.

Sem tirar os méritos da conquista de Djokovic em Toronto na semana passada, acho que aquele torneio não serviu como parâmetro pois o sérvio era o único top 4 ali presente, e sendo assim cumpriu sua "obrigação" em vencer o torneio.

Evidente é a diferença mental entre o atual Djokovic e aquele do ano passado. Passando por problemas pessoais, provavelmente o fim do relacionamento com Jelena Ristic(notaram a ausência desta na torcida esta semana?), o sérvio em alguns momentos mostra-se desconcentrado, instável e mentalmente desequilibrado. Pelo jeito, quem viu aquele Djokovic 2011, viu, quem não viu, não verá mais.

Federer esteve arrasador nos seis primeiros games. Em apenas 20 minutos, já liderava por um set de vantagem, com diversos erros de Djokovic, inclusive duplas faltas despretensiosas.No segundo set, o sérvio voltou a jogar bem, e Federer fechou a partida num tie break disputado, onde abriu 3/0, permitiu a virada do adversário, mas no fim fechou em 9/7.

Assim, o suíço conquistou o 76º título da carreira, está a um de igualar John McEnroe, se tornou o maior vencedor da história do Masters de Cincinnati, e mais uma vez igualou Rafael Nadal com 21 títulos de Masters 1000.

Curiosamente, Federer x Djokovic se enfrentaram nos dois últimos US Open, com vitória do sérvio em ambas salvando match points. Mas, nestes dois anos, o sérvio vinha em um ano melhor.

Percebemos o quanto problemas pessoais atrapalham a vida de um tenista, Rafael Nadal que o diga em 2009, quando precisou lidar com a separação de seus pais. Na hora em que voltou a ter um equilíbrio emocional, voltou voando, e fez a melhor temporada da carreira. Pelo bem do tênis, espero ver Djokovic com o mental em dia em breve.

Assim, Federer é o favorito para levantar o troféu pela sexta vez em Nova York. O segundo favorito pra mim é Andy Murray, que apesar de não ter feito uma boa campanha esta semana, acredito que estará bem mais descansado para o último Slam do ano, e certamente virá muito confiante após a campanhe espetacular na Olimpíada, sendo coroado com o ouro no final. Novak Djokovic, como sempre, é um dos favoritos, mas terá que melhorar seu jogo em alguns aspectos.

Roger Federer, 31 anos recém-completados, jogando como não jogava há muito tempo. Quem é rei nunca perde a majestade...

domingo, 5 de agosto de 2012

Furioso




Andy Murray dessa vez passeou pela grama sagrada de Wimbledon. Com o placar de 6/2, 6/1 e 6/4, empurrado pela fanática torcida o britânico atropelou Roger Federer, heptacampeão de Wimbledon, vingando de forma maiúscula a derrota sofrida no mês passado, e faturou o ouro olímpico em simples na Olimpiada de Londres, igualando-se ao britânico Arthur Gore, que fez o mesmo nos Jogos de 1908.

De cara, o escocês precisou salvar dois break points no game inicial. Mas, pouco a pouco, foi tomando as rédeas da partida, aproveitando de subidas erradas do suíço, e fechou o set em 6/2.

O décimo primeiro game foi o divisor de águas da partida. Após salvar 6 BPs, já com uma quebra de vantagem no segundo set, Murray confirmou e abriu 3/0. Situação parecida aconteceu na final de Wimbledon, mas lá Federer conseguiu a quebra e cresceu na partida. Assim, Murray venceu nove games seguidos entre o primeiro e segundo set, fechando a segunda parcial em 6/1.

Ele estava a um set da glória. Jogava inspirado, como se tivesse arrumado força digna dos deuses gregos, tamanha agressividade, ousadia, confiança, fúria, e como a bola fora mal tratada neste domingo na capital inglesa...

Nas cordas, Federer melhorou consideravelmente no saque no terceiro set. Mas, com o adversário inspirado, sucumbiu no quinto game deste set, viu o escocês abrir 4/2, e fechar o jogo em 6/4.

Para o suíço, fica a frustração de não conquistar o único título que lhe faltava. Às vésperas de completar 31 anos, acho bem inviável que este venha ao Rio na próxima Olimpíada tentar novamente, já que eestará com uma idade bem avançada para isto.

Andy Murray sempre foi motivo de piada entre os fãs de tênis. Chamado de "amarelão", por nunca ter vencido um Slam, e ser um pouco desequilibrado mentalmente, o britânico, hoje, está mais "amarelado" do que nunca. Agora, tenho certeza que será respeitado por todos, e amarelo como está hoje, ou melhor está coberto de ouro, dignamente, pois sua conquista foi incontestável. Ele merece, por tudo que já passou.

Andy Murray enfim, venceu Roger Federer numa melhor de 5 sets. E que vitória! Certamente será um dos grandes favoritos quando o US Open começar..

O grande trunfo do escocês hoje, foi ter salvado 8 break points, algo que não aconteceu na final de Wimbledon mês passado. Parabéns a Ivan Lendl, méritos dele por melhorar ainda mais um tenista que já era muito bom, no qual só faltava um pouquinho a mais para este deslanchar de vez, e vimos hoje que não falta mais nada agora...

Andy Murray não tem nenhum título de Major, até agora. Mas ele é campeão olímpico, tão campeão quanto tantos outros esportistas em outras modalidades. Esta, é sem dúvida, a maior glória que um atleta pode ter. Hoje, até a Rainha Elizabeth II se curvaria ao britânico. Hoje, ele está no topo!


Andy Murray comemorando o título.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

A hora da revanche?

Roger Federer e Andy Murray, pouco tempo após decidirem a final de simples de Wimbledon este ano, reeditarão a final na competição esportiva mais antiga da humanidade. A Olimpíada, cuja surgimento ocorreu na Grécia Antiga, como uma forma de homenagear os deuses, é a competição esportiva mais importante do mundo. E, nela,só um conquistará o ouro olímpico, e consequentemente a maior glória que um atleta pode alcançar. O campeonato de tênis está sendo disputado na grama sagrada do All England Club, em Wimbledon, certamente o Monte Olimpo do tênis.

O suíço, que vem de uma vitória dramática de virada sobre Juan Martin Del Potro, vencendo o último set por 19/17, já que não há tiebreak no set decisivo. Na Olimpíada, só a final masculina é disputada em melhor de 5 sets. Este tentará o último título que falta a sua gloriosa carreira, pois já conquistou 17 Grand Slams, 20 Masters 1000 e mais alguns ATP Finals. No último mês, igualou-se a Pete Sampras e Willian Renshaw com 7 títulos no Slam londrino, e quebrando o recorde de semanas consecutivas na liderança do ranking do próprio Sampras. Assim, provavelmente sepultou de vez as dúvidas sobre quem é o melhor tenista de todos os tempos. O suíço precisou correr atrás do placar hoje, na partida que acabou por se tornar a mais longa da história olímpica: 4 horas e 26 minutos de duração. No terceiro set, houveram inúmeros 0/30, rapidamente contornados ora com excelentes saques, ora com pancadas indenfensáveis cruzadas por parte do argentino.

Andy Murray é aquele jogador extremamente talentoso, mas que falta algo a mais para este deslanchar de vez no circuito. Este já venceu Masters 1000, chegou a quatro finais de Slam, mas perdeu todas, três delas para Federer. O mental, um verdadeiro obstáculo que separava este dos três primeiros do ranking atual, parece finalmente estar sendo superado. Desde que passou a ser treinado por Ivan Lendl, o escocês vem evoluindo, e mostrou isso hoje ao derrotar o campeão de Wimbledon de 2011 Novak Djokovic por duplo 7/5, jogando de maneira agressiva, corajosa e confiante. Resta agora ao sérvio tentar a medalha de bronze contra Del Potro.

Foi de partir o coração o discurso do britânico após cair diante de Federer em Wimbledon. Seus conterrâneos não presenciam um "igual" levantar o troféu do torneio desde Fred Perry, em 1936, mas mostraram grande respeito ao suíço durante a cerimônia de premiação.

Mais uma vez, Andy Murray terá a torcida a seu favor. Diria que ter jogado duas horas a menos que Federer, às vésperas de completar 31 anos, poderia influenciar no resultado final em caso de um jogo longo, mas este jogará duplas mistas neste sábado. Então, o jogo será decidido no saque. Na grama, esta é a maneira mais rápida de definir os pontos e evitar trocas de bola. Neste caso, o escocês vem muito bem neste aspecto. O ponto fraco do suíço, é como sempre, seu revés.

Jogos memoráveis ocorreram durante esta semana. O fato do jogo ser melhor de 3 sets tornava o torneio mais suscetível a zebras, como a vitória de Nishikori sobre Ferrer, o "susto" que os tenistas top levaram, perdendo um set, mas mostraram porque são diferenciados, virando a partida, algumas dramáticas.

Certamente será um jogaço. Federer, que garantiu o número 1 após a queda de Djokovic, tentará o último título que lhe resta, e Andy Murray tentará se vingar da derrota sofrida no mês passado, no mesmo palco, diante de sua torcida, e tem chances reais de conseguir.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Crítica de "Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge"

A história do Homem-Morcego nos cinemas começa no ano de 1989. Tim Burton dirigiu os dois primeiros filmes, com Michael Keaton no papel de Bruce Wayne. O primeiro filme, "Batman", e "Batman-O Retorno", trouxeram vilões clássicos do herói para os cinemas, como Coringa, Pinguim e Mulher-Gato. Os dois filmes foram satisfatórios, e o primeiro, inclusive, venceu o Oscar de melhor direção de arte, e destaque para as atuações de Jack Nicholson como o Coringa e Michelle Pfeiffer como a Mulher-Gato. Antes, houve o filme com os atores da série de TV, Adam West e Burt Ward, mas era uma versão bem mais cartunesca deste.

Aí, veio Joel Schumacher com "Batman Eternamente". O papel de Bruce Wayne ficou agora com Vak Kilmer. Apesar da boa atuação de Jim Carrey como Charada, este filme foi bem inferior aos seus antecessores, por ser muito "colorido", artificial, e com uma história bastante infantil. E, contrariando a "célebre" frase do deputado Tiririca, "pior do que tá, fica." Eis que em 1997 Joel Schumacher nos traz "Batman e Robin", um filme cuja fantasia do Homem Morcego e de Robin parecia mais fantasias de Carnaval, onde vimos um Bane cheio de músculos e acéfalo, uma Gotham nada realista, era uma cidade totalmente artificial, sem falar dos inacreditáveis mamilos na fantasia, e a BatGirl originalmente, ser filha do Comissário Gordon, e neste filme, é a sobrinha do Mordomo Alfred, sem falar nos personagens bastante cartunescos Mr. Freeze e Hera Venenosa, vividos por Arnold Schwarzenegger e Uma Thurman, respectivamente. Merecidamente foi indicado para o Framboesa de Ouro em 11 categorias.(o "Oscar" dos piores filmes do ano.)

Mas, em 2005, coube a Christopher Nolan reiniciar toda a franquia do guardião de Gotham. Christian Bale, de "Psicopata Americano", estava na pele do bilionário dono das Empresas Wayne. O diretor, com uma abordagem sombria e com um visual remetente ao dos quadrinhos, nos mostrou a origem do Homem Morcego desde o assassinato dos seus pais, a "formação" deste na Liga das Sombras, e como ele usou o morcego, um animal no qual sentia medo, para provocar medo nos outros. Então, numa história que mescla aventura e filme policial, Nolan enfim nos mostrou aquele Batman que todos queriam ver. Ra's Al Ghul, o líder da Liga das Sombras, já dizia: “Se você se tornar mais do que um simples homem, se você se dedicar a um ideal e se eles não puderem parar você, então você se torna algo totalmente diferente…. uma lenda, Sr. Wayne. Então, presenciamos o surgimento da "lenda", que consegue impedir a destruição de Gotham pelo medo, e impedir os planos do Espantalho. Destaque também para Gary Oldman como o Comissário Gordon, Michael Caine como Alfred, e Morgan Freeman como Lucius Fox, uma espécie de agente "Q" para o Batman.

Depois do ótimo primeiro filme, "Batman-O Cavaleiro das Trevas"(2008) foi ainda mais espetacular. Com uma verdadeira história policial, Heath Ledger, que faleceu poucos meses antes do filme estrear nos cinemas, fez uma das melhores atuações da história do cinema como o Coringa, um lunático anarquista, que tinha um plano complexo para destruir o Batman, seja mesmo no seu tom de voz, no seu olhar. Alguns frases célebres do personagem, como "Aquilo que não nos mata, nos torna mais estranho", é uma frase clara de como ele usou provavelmente um trauma do passado(possui o rosto com cicatrizes e usa uma maquiagem para escondê-las) para pôr em prática sua loucura. Este mesmo vilão conseguiu trazer o melhor dentre os "caras da lei", o promotor Harvey Dent, que junto com o Comissário Gordon e Batman colocavam em prática um plano para por toda a máfia atrás das grades. O plano vai bem, até o Coringa começar a atacar entes queridos do promotor, e ao mesmo tempo, do Batman. Também presenciamos um lado bem mais humano de Bruce Wayne. Este está em busca de "um herói sem máscara", a acredita que um dia Gotham não precisará mais de seu guardião, e que neste dia Rachel, sua amiga de infância, pela qual este nutre um sentimento especial, estaria ao seu lado. Com o Coringa pondo seu plano em prática, ele acaba levando o promotor à loucura, segundo o próprio, "rebaixando o melhor entre os defensores da lei, e rebaixando até o seu nível. Segundo este, "a loucura é como a gravidade, só precisa de um empurrãozinho". Este ser anarquista, que não mede esforços para ver a cidade de Gotham ruir, acaba "vencendo" no final, pois Harvey Dent, que sofrera uma queimadura na metade do rosto graças a um plano do Coringa, havia ficado com sua face parcialmente queimada. Interessante o jogo de luzes do diretor Nolan na cena final. Metade do rosto do ator Aaron Eckhart está no claro, e seu outro lado, está no escuro. O agora vilão Harvey Dent, chamado de "Duas Caras", acaba sucumbindo no final, sendo derrotado pelo Batman após tentar matar a família de Gordon, por culpar o comissário pela morte de Rachel. Na tentativa de manter a cidade de Gotham com seu "herói sem máscara", Batman faz um acordo com o comissário Gordon que irá assumir a autoria do assassinato de Harvey Dent, para que a cidade continua acreditando em um homem comum. Então, vemos na cena final o questionamento de uma criança sobre o que é o Batman e a resposta célebre do Comissário Gordon: "Ele não é o heroi que Gotham precisa, mas o que ela merece. Ele não é um herói. É um guardião silencioso. Um protetor zeloso. Um Cavaleiro das Trevas. Não por menos, Heath Ledger ganhou o Oscar póstumo de melhor ator coadjuvante. Lembrando a excelente atuação de Maggie Gyllenhaal, substituindo Katie Holmes neste filme. A primeira conseguiu dar o tom de carga dramático necessário a personagem, algo que a ex-mulher de Tom Cruise não foi bem sucedida.
Também presenciamos neste filme a relação Bruce-Alfred. O bilionário e seu patrão têm uma verdadeira relação pai-filho, seja com discussões semelhantes a este nível, conselhos e decisões tomadas.


A partir deste ponto, o texto pode conter spoilers.

E, no último filme da trilogia, Batman-O Cavaleiro das Trevas Ressurge, que se passa oito anos após os eventos do filme anterior, vemos Bruce Wayne o tempo todo recluso na sua reconstruída Mansão Wayne, fora da vida pública, o que causa rumores sobre sua sanidade mental. É o aniversário de morte de Harvey Dent, e Gotham City vive um tempo de paz, graças a um lei com o nome do ex-promotor de Gotham bastante eficaz na luta contra o crime. Mas, vemos Bane, interpretado por Tom Hardy, um vilão dotado de músculos, mas não privado de inteligência, com um plano de destruir a maior cidade do planeta através de um plano muito bem estruturado a partir de seu subterrâneo. E é quando somos apresentados a Mulher Gato, vivida por Anne Hathaway, que Bruce Wayne resolve voltar à ativa. Bane tem um plano para com o povo de Gotham, usando um discurso populista, prometendo devolver o poder ao povo, relembrando a época da Revolução Francesa em 1789, e presenciamos uma luta de classes. Quanto a Mulher Gato, só mais a frente fica claro quais as reais intenções desta. Neste filme, somos apresentados ao policial John Blake, cujo passado guarda muitas semelhanças com o Homem Morcego, e Miranda Tate. Esses dois personagens são vitais para o fim da trilogia.

Vimos o surgimento, a queda, e a ascensão da lenda. Quando o vilão convence ao povo a lutar por algo que não é o que parece ser, qual seria a consequência para a população quando esta descobre que viveram por um bom tempo acreditando numa farsa? Batman terá que lidar com este problema, e tem sua recompensa recebida. O final é tão sensacional e com atuações tão memoráveis neste momento do filme, que sempre ficaremos com um gostinho de quero mais. Pontas soltas foram deixadas. A lenda do Batman chega ao seu fim, de maneira épica, espetacular. O guardião de Gotham enfim tem a sua reputação recebida. Christopher Nolan nos mostrou o Batman que queríamos ver, um herói, ao contrário de outros, de carne e osso, que luta por um ideal, e histórias e vilões bastante humanizados, com temas bem contemporâneos, personagens memoráveis, e sem dúvidas, uma conclusão extraordinária, sendo este o melhor da trilogia. Cenas de ação inesquecíveis, em especial uma das lutas de Batman contra Bane, onde na qual presenciamos o desenrolar da luta, e o único som é a água do rio correndo ao fundo. Destaque também para a sequência do prólogo, de tirar o fôlego.

A trilha sonora de Hans Zimmer merece um parágrafo a parte. Este conseguiu superar o espetacular trabalho feito no filme anterior, dando um tom melancólico ao filme em certas cenas.

Christopher Nolan fecha a trilogia com chave de ouro. Um filme épico, com cenas de ação fantásticas, e com carga emocional presente. A lenda do Batman chega ao fim, mas será esta a única lenda que Gotham já presenciou ou poderão vir mais?

Nota: 10

P.S. Como prometido pelo diretor, o Coringa não é citado uma única vez neste filme, como forma de preservar a memória de Heath Ledger. O que eu vejo por aí são muitos comparando o Coringa com Bane. Mas não é possível compará-los, são personagens bem distintos. O único fato é que cada um, ao seu modo, estará para sempre marcado na história do cinema.
Curiosamente, o nome "Mulher Gato" jamais é mencionado no filme.
Ah, os fãs do Batman se lembrarão de ligações diretas com a HQ "A queda do morcego",dentre outras...


Abaixo, os comentários muito coerentes do crítico Pablo Villaça sobre a cena final do filme.

Batman: O Pião Continua a Girar?
Christopher Nolan esteve muito, muito perto de criar, em O Cavaleiro das Trevas Ressurge, um final tão ambíguo quanto aquele de seu longa anterior, A Origem – e caso tivesse encerrado a obra enfocando o sorriso de Alfred no café em Florença e evitado mostrar o que o mordomo vira, o diretor enviaria o público para fora da sala de projeção mergulhado em dúvidas: teria o personagem de Michael Caine visto Bruce Wayne? Seria uma solução orgânica e elegante que permitiria interpretações diferentes de acordo com o temperamento de cada espectador – exatamente como a dúvida que concluíra Inception.
Mas, claro, não é isso que ocorre: após o sorriso de Alfred, vemos Bruce Wayne e Selina Kyle. Os dois homens acenam um para o outro e o mordomo se levanta para abandonar o local com uma alegria inquestionável estampada no rosto. Seu querido patrão (e, mais do que isso, filho) sobrevivera e reconstruíra a própria vida. Exatamente como ele sonhara e descrevera anteriormente na narrativa.
E é justamente por ter enfocado Alfred descrevendo esta fantasia que O Cavaleiro das Trevas Ressurge permite a indagação: seria aquela imagem real? Teria o personagem de Caine realmente visto Bruce em Florença? Ou seria esta apenas uma manifestação de seu desejo?
É possível interpretar a cena como um sonho, não há dúvida: para começar, Selina Kyle está vestindo uma roupa azul – o único instante do filme no qual usa um figurino que não é dominado pelo preto. Da mesma forma, Bruce veste uma camisa de cor alegre, que se contrapõe às cores sóbrias que costuma vestir. Isto para não mencionarmos que a reação de Wayne e Alfred, um leve aceno de cabeça seguido pela partida deste último, é no mínimo implausível considerando o carinho que sentem um pelo outro e o que aquele encontro representa.  Sim, dizer que tudo se resume a uma fantasia do velho empregado da família Wayne não é um absurdo tão grande – e, mais do que isso, representa um desfecho dramaticamente eficaz.
No entanto, é igualmente factível interpretar o contraste nas cores do figurino como sendo uma representação da nova vida criada por Bruce e Selina. E Alfred pode ter se afastado para respeitar a privacidade do antigo patrão, já satisfeito em sabê-lo vivo. E, claro, precisamos considerar que o roteiro se preocupa em incluir uma cena que traz Lucius Fox (Freeman) descobrindo que Wayne consertara o piloto automático do helicóptero, o que explicaria (com muito boa fé por parte do espectador) a escapada do herói – mesmo que possamos perguntar como a nave sobrevivera quase intacta à explosão da bomba e à queda subsequente.
Em outras palavras: se o desfecho de A Origem era de uma ambiguidade calculada, aqui esta depende mais do público do que do cineasta, que, sejamos honestos, claramente enxerga um futuro otimista para seu protagonista.

Mas esta é a beleza da Arte: ela só se completa com a participação do observador. E eu, particularmente, prefiro completá-la com a morte de Bruce Wayne.



E vocês, o que acham desta teoria?

domingo, 22 de julho de 2012

Bellucci é bi em Gstaad


Thomaz Bellucci conquistou seu terceiro título de ATP da carreira neste domingo, em Gstaad, pela segunda vez. O brasileiro derrotou e "vingou" a derrota sofrida diante de Janko Tipsarevic em Stuttgart por 6/7(6), 6/4 e 6/2. Esta foi a quinta vitória deste sobre um top 10. Assim, o paulista irá com tudo para a Olimpíada que começa nesta sexta-feira, e de quebra, volta ao top 40.

É impressionante a capacidade deste cidadão de ir do céu ao inferno. Tipsarevic abriu 2/0 no primeiro set, Bellucci devolveu a quebra, mas o sérvio acelerou e abriu 4/1. O brasileiro correu atrás do prejuízo, igualou em 4/4, e ambos foram confirmando seu serviço até o tie break. Neste, o brasileiro abriu 6/1, e de forma incrível, perdeu sete pontos seguidos, e o sérvio fechou o set após uma dupla falta totalmente bizarra do brasileiro. Confira o vídeo no final.

Conhecendo o Bellucci por "amarelar" em momentos importantes,me irritei bastante com o acontecido, achei que depois desta o sérvio iria passear no segundo set. Incrivelmente, o brasileiro manteve a cabeça no lugar, jogou melhor e fechou o segundo set por 6/4.

No terceiro set, Tipsarevic sentiu o baque. Errando muito, e Bellucci, com a confiança no lugar e vibrante, fechou o jogo com autoridade para garantir seu terceiro título de ATP da carreira, se igualar a Fernando Meligeni e Jaime Oncins, com a mesma quantidade de títulos no circuito profissional.

Bellucci embarca para Londres com um título de ATP e um título de Challenger na bagagem, muito confiante, e quem sabe, não ir longe nos Jogos Olímpicos. VAMOS BELLUCCI!

Repetindo o que disse anteriormente: o talento de Thomaz Bellucci é inegável, seu comportamento mental é que não o deixa ascender mais no circuito. Algo como o que aconteceu no tie break do primeiro set não é algo comum, felizmente o brasileiro achou um caminho para se recuperar. No terceiro set, usou até mesmo alguns slices(aleluia!) ao invés de jogar sempre agressivo. Atitude correta, no tênis é necessário força, mas tática, categoria são indispensáveis também. Ah, felizmente, este hoje também subiu bem à rede.

Desde Santiago 2010 que o brasileiro não levantava um título de ATP 250. Foram dois anos instáveis, com derrotas dolorosas pela Davis, contra tops 10, mas felizmente o brasileiro voltou ao caminho dos trilhos, e irá agora para Londres, buscar a medalha de ouro.


QUE VENHA A OLIMPÍADA!


O último ponto do primeiro set, após dupla falta do brasileiro sacando reto, na outra área. Uma pergunta na descrição do vídeo: a pior dupla falta da história? Eis a questão.

sábado, 21 de julho de 2012

Nadal fora de combate e as chances de Bellucci na final de Gstaad




Rafael Nadal, atual campeão olímpico, anunciou a desistência da Olimpíada de Londres 2012 devido a uma tendinite nos joelhos, que o deixou fora das quadras por 15 dias, possa ter influenciado em sua eliminação precoce em Wimbledon, e o fez cancelar o jogo exibição contra Novak Djokovic marcado para o último dia 14 no Santiago Bernabéu.

Não é a primeira vez que algo assim acontece com o espanhol. Aos 26 anos, sua carreira é marcada por títulos, e também por muitas lesões. A mais grave provavelmente ocorreu em 2009, onde após perder nas oitavas em Roland Garros, ficou de fora de Wimbledon, só voltando nos Masters americanos pré US Open.

Em 2010, o problema nos joelhos foi contornado com a descoberta de um tratamento com plasma enriquecido pelo Dr. Mikel Sanchez. O tratamento consiste em injetar plasma enriquecido com fatores de crescimento no joelho do jogador, e deu muito certo. O espanhol fez o melhor ano da sua carreira, conquistando os três Masters no saibro,o ATP 500 de Barcelona, Roland Garros, Wimbledon e o US Open. Antes da temporada de saibro deste ano, Nadal se tratou desta mesma forma, e fez uma campanha perfeita no "saibro vermelho". Conquistou em sequência o Masters 1000 de Monte Carlo, o ATP 500 de Barcelona, o Masters 1000 de Roma e um inédito heptacampeonato em Roland Garros. Após isto, parecia ser o favorito para Wimbledon. Mas, seu calcanhar de Aquiles voltou a dar as caras... Fez um estreia instável contra Bellucci, e foi eliminado surpreendentemente por Lukas Rosol na segunda rodada. Nadal, por ser dono de um jogo dependende do físico, seu corpo fica mais suscetível a lesões... O espanhol ficou 15 dias de repouso, tentando se recuperar a tempo para o grande evento esportivo que se inicia na próxima sexta-feira, chegou até a receber a bandeira na qual carregaria na abertura, mas para a surpresa de muitos, anunciou que não poderá estar presente... O mesmo declarou ser este "um dos momentos mais tristes da carreira"

O espanhol também seria o porta-bandeira da Espanha na Olimpíada. O próprio declarou que sonhava com este dia, certamente a maior honra que um atleta pode ter numa cerimônia de abertura olímpica. A notícia caiu como uma bomba em seu país natal, onde lá este é o maior símbolo esportivo do país, um exemplo de esportista, de superação, de nunca desistir.

Rafael Nadal, agora 3º do ranking da ATP, deverá voltar ao circuito profissional apenas no Masters de Cincinnati, o último deste porte pré US Open.

Sem o atual campeão de Roland Garros, o tênis sai perdendo com esta ausência. A Olimpíada não contará com um dos principais atletas desta edição, e ficará sem um dos melhores tenistas da história. E por que não dizer que as chances de certos tenistas irem mais longe sem o espanhol por perto são relativamente maiores?

Para saber mais sobre a lesão que deixou Rafael Nadal fora de Londres, clique aqui http://www.tenisnews.com.br/modules.php?name=News&file=article&sid=48402


Thomaz Bellucci, ex-top 20, que havia sofrido uma queda considerável no ranking, vem embalado após o título no Challenger de Braunschweig há duas semanas e a semi em Stuttgart semana passada, buscará a revanche contra Janko Tipsarevic e o bi em Gstaad amanhã. Com condições semelhantes a Madri, a cidade suíça favorece o jogo do brasileiro, já que a quadra se torna um pouco mais rápida. O brasileiro foi derrotado pelo sérvio na última semana, por 4/6, 6/2 e 4/6. Se não fosse tão avoado mentalmente seria um jogador bem melhor do que já é. Quando vem em grande fase, infelizmente é temporária, basta uma derrota precoce em outro torneio para este embalo ir embora e demorar bastante pra voltar. Bellucci já derrotou Murray, já chegou perto de derrotar Djokovic, Federer, abriu 4/0 contra Nadal em WB, poderia ter vencido aquele set, mas se afobou quando foi quebrado, e o espanhol é o espanhol. Caso Bellucci vença amanhã, dependendo da chave em Londres, acredito que este possa até ir longe na Olimpíada. É manter o foco, sacar bem, cometer poucos erros, usar mais slices, e principalmente, não dar aquelas subidas à rede totalmente displicentes, como fez algumas vezes na semana passada. Seus "approaches", infelizmente, ainda são um problema a ser solucionado, pois perdeu pontos fáceis desta forma semana passada. Venceu o segundo set com autoridade, por 6/2, e num momento mental a seu favor, foi quebrado de cara no primeiro game do terceiro set, e não conseguiu reparar o erro. O brasileiro chega a final sem perder sets, acredito que sua confiança estará ainda maior do que no duelo passado contra Tipsarevic, e acho que o paulista possa até mesmo vencer em sets diretos. Esta semana, o brasileiro enfim derrotou Mikhail Youzhny, para quem havia perdido ano passado em um jogo épico de 5 horas pela Copa Davis, e num momento excelente, já que Brasil x Rússia em breve se enfrentarão de novo, desta vez no saibro em Ribeirão Preto.

Com o bi em Gstaad, o paulista poderá se igualar a Fernando Meligeni e Jaime Oncins com três títulos de ATP conquistados na carreira. O primeiro fez seis finais deste nível. O maio vencedor brasileiro, é claro, Gustavo Kuerten, nosso eterno tricampeão de Roland Garros e número 1 do mundo, com vinte títulos em vinte e nove decisões, que recentemente entrou para o Hall da Fama do tênis. O maior vencedor do circuito é Jimmy Connors, com 107 títulos em 158 finais, um aproveitamento de 67,7%. Roger Federer vem em quarto, e Rafael Nadal em décimo. VAMOS BELLUCCI!

Abaixo, o brasileiro Bellucci com o troféu do ATP de Gstaad, em 2009.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Como vinho


Roger Federer, o maior campeão de Slam de todos os tempos, expandiu neste domingo a marca espetacular para 17 Majors vencidos. A marca veio em Wimbledon, com o heptacampeonato, igualando-se a Pete Sampras e William Renshaw em títulos, e de quebra, o suíço derrubou a marca do próprio Sampras de semanas consecutivas na liderança do topo, retomando-a depois de 2 anos de soberania de Nadal e Djokovic.

Posso afirmar que Federer é como vinho, quanto mais "velho", melhor. O suíço, que às vésperas de completar 31 anos, está numa idade em que tenistas comuns passam a ter limitações em seu jogo, como menor resistência física. Mas este não é um tenista comum. Ele é Roger Federer, multicampeão de Wimbledon, recordista de Slams e tudo mais. O suíço, apesar da qualidade do seu jogo ter caído um pouco, devido ao seu talento, ainda possui jogo suficiente para bater de frente contra qualquer jogador do circuito. A conquista se torna ainda mais espetacular devido ao fato de que o suíço vem sofrendo com dores nas costas há um certo tempo, o que aparentemente causava limitações ao seu jogo. Mas o suíço viu no saque uma solução para este "problema"...

Na Grã Bretanha, a final de Wimbledon era tratada como final de Copa do Mundo. Os britânicos tinham a esperança de ver um conterrâneo conquistar o título do torneio tenístico mais tradicional do mundo. A espera já dura 76 anos, desde Fred Perry, em 1936... Andy Murray fazia um grande jogo, até venceu o primeiro set, mas não foi suficiente para derrotar o monstro suíço do outro lado. O escocês perdeu sua quarta final de Slam, a terceira para Federer, mas mostrou que está mais próximo do que nunca para vencer um destes pela primeira vez. Seu treinador, Ivan Lendl, curiosamente só venceu seu primeiro Slam após perder as quatro primeiras finais, se aposentando com 8 títulos de Majors.

Após o fim de jogo, o placar apontava 4/6, 7/5, 6/3 e 6/4 para Federer. Murray começou mais agressivo, chegou a abrir 2/0, mas o suíço conseguiu reagir, empatando em 2/2. Empatados em 4/4, Murray conseguiu nova quebra e largou na frente em 6/4. O martírio britânico parecia se aproximar do fim. Só parecia...

Num segundo set marcado por muitos break points desperdiçados pelo escocês, e pela superação do suíço em alguns momentos, o tenista de Bottmingen igualou o placar em 7/5.

O terceiro set foi interrompido pela chuva... A chuva, que causou muito rebuliço durante todo o campeonato, com a insistência da organização em fechar o teto somente em caso de chuva, mesmo com a ameaça desta, e atrasando a conclusão de muitos jogos, e para alguns, mudando a história de outros. O jogo voltou após 40 minutos, tempo necessário para cobrir o teto retrátil da Quadra Central. Quando a bola voltou a rolar, o então hexacampeão de Wimbledon voltou melhor. No sexto game, sendo agressivo no segundo saque do adversário, Federer, após ver Murray chegar a 40/0, igualar- se no game, desperdiçar 5 break points, enfim conseguiu a quebra. Abriu 4/2, não olhou para trás e fechou o set em 6/3.

No quarto e último set, o aproveitamento de Murray nos saques havia caído. A torcida o apoiava mais do que nunca. Mas Federer não se intimidava... Uma quebra a favor do suíço foi suficiente para fechar o jogo em 6/4, e desabar na grama sagrada, como já havia feito outrora. O suíço quebrava mais um recorde de Pete Sampras, o de semanas consecutivas na liderança. Antes, já havia derrubado o número de Slams do americano.

Que fique claro que o título do post, como vinho, é para se referir que, como vinho, o suíço se conserva com o tempo, e não como uma forma perojativa de dizer que este está velho, está em decadência... Neste campeonato, precisou virar jogos com o coração...

Se me perguntassem se Federer venceria algum Slam depois dos resultados recentes, diria que não. E aqui, respondo o por quê. Rafael Nadal e Novak Djokovic vinham ganhando tudo desde o Australian Open de 2010, jogavam num nível tão absurdo que fizeram as últimas 4 finais de Grand Slam, um feito inédito no tênis. Federer, que desde aquele ano, já tinha feito sua história no tênis, naturalmente poderia até mesmo se aposentar, já que poderia ter sua motivação reduzida, já que havia ganho tudo que podia, e também deveria cumprir a função de pai. Mas, ele ainda estava lá, mostrando que ainda tinha mais a mostrar...

Percebo muitas fãs de Nadal, Djokovic e Federer alegarem que seu ídolo poderia ter alguns Slams a mais se "não fosse aquele outro adversário", até mesmo usando adjetivos pejorativos para chamar o outro. Nadal impediu títulos importantes de Federer, Federer impediu títulos importantes de Nadal, Djokovic impediu títulos importantes de ambos. Mas, o fato é que a carreira de todos os três tenistas são interdependentes. Certamente, os inúmeros jogos disputados entre os três, lendas deste esporte, fazem destes jogadores melhores, buscando maneiras absurdas de "virar" um jogo praticamente perdido, usando-se de um mental sólido para "intimidar " o outro, fazendo jogos espetaculares, memoráveis, como a final de Wimbledon 2008, a semi do US Open ano passado. A posição no ranking é consequência do nível absurdo que esses 3 jogadores possuem. Se pudesse, o número 1 do ranking seria dividido entre os três. Estes possuem todos os méritos para ficarem por lá. Mas, como não é possível, quem está no topo, por um mísero devaneio, pode perder este posto por um tempo, até recuperá-lo... E este "revezamento" aparentemente está longe de ter um fim. E a rivalidade ácida entre os fãs deste trio fantástico parece seguir pelo mesmo caminho...

E que o exemplo dos ingleses, mesmo após o titulo do Federer, e a continuação da "seca" de ver um conterrâneo vencer WB, estes mostraram bastante respeito com o suíço, ao contrário de certos franceses que produzem comerciais de gosto duvidoso a respeito de espanhóis...

sábado, 30 de junho de 2012

Dez anos do penta



O ano era 2002. A 17ª Copa do Mundo FIFA seria realizada na Coreia do Sul e no Japão. O Mundial reuniu 32 seleções e foi realizada de 31 de maio até 30 de junho deste ano. Pela primeira vez, um Mundial era realizado fora das Américas e da Europa. Exatamente há uma década, o Brasil conquistava seu quinto título mundial vencendo a Alemanha na final. Vamos relembrar...

O mundo viu, durante quase um mês de muito futebol, muitas surpresas e decepções. A França, então campeã mundial, teve a honra de abrir o Mundial, e foi surpreendida por Senegal, que passou a segunda fase e só parou diante da outra surpresa Turquia nas quartas. Os campeões mundiais voltaram pra casa com duas derrotas e um empate, e sequer marcaram um gol. Frustração para os Bleus...

A Turquia, adversária da estreia do Brasil, deu muito trabalho para a nossa seleção, vencida pela seleção canarinho 2 x 1. A seleção europeia chegou as semis, sendo novamente derrotada pelo Brasil, e ficou com o terceiro lugar vencendo a anfitriã Coreia do Sul por 3 x 2.

A anfitriã Coreia, treinada pelo experiente holandês Guus Hiddink, que havia levado a seleção de seu país a semi na Copa de 98, foi a maior surpresa do Mundial. Caiu num grupo com Portugal, Polônia e EUA. Esta e os norte-americanos seguiram em frente. Venceram os poloneses por 2 x 0 na estreia, empataram com os EUA em seguida,com o gol de empate saindo as 33 da segunda etapa, e surpreendeu Portugal com um gol de Park Ji-Sung. Os estadunidenses se classificaram após derrotarem Portugal e empatatem com a Polônia. Os poloneses e os portugueses venceram apenas uma, e a pontuação não foi suficiente para se classificarem a segunda fase, sendo que apenas os dois primeiros colocados de cada grupo seguem em frente.

A Argentina caiu no chamado "Grupo da Morte". Após ter vencido a Nigéria por 1 X 0, perdeu para a Inglaterra por 1 X 0 e, para nossa alegria, sucumbiu diante da Suécia num empate em 1 X 1. A Itália se classificou no seu grupo no saldo de gols, mas foi eliminada nas oitavas-de-final pela Coreia do Sul. Curiosamente em 1966, a Itália foi eliminada pela Coreia do Norte.

O Brasil, após vencer a Turquia na estreia, venceu a China por 4 x 0 e a Costa Rica por 5 x 2. A Turquia se classificou no saldo de gols (2 a -1). Os costarriquenhos venceram a China por 2 x 0 e empataram em 1 x 1 com a Turquia. Os chineses perderam todas as três partidas e, como a França, sequer marcaram um gol.

Os confrontos das oitavas: Alemanha x Paraguai, Espanha x Irlanda, Coreia do Sul x Itália, Dinamarca x Inglaterra, Brasil x Bélgica, Suécia x Senegal, Japão x Turquia e México x EUA.

A Alemanha venceu Paraguai por 1 x 0, a Espanha venceu a Irlanda nos pênaltis. A seleção irlandesa teve dois pênaltis a seu favor no tempo normal, mas só converteu um.

O jogo Coreia x Itália foi um jogo nervoso. A arbitragem anulou gols legítimos da seleção italiana. Assim como na primeira fase, onde erros de arbitragem quase custaram a classificação dos italianos, a "Azurra" teve dois gols anulados neste jogo. Saiu na frente, a Coreia empatou aos 43' do segundo tempo, e no final da prorrogação, os coreanos marcaram o "gol de ouro".

Nos outros jogos, a Inglaterra passou fácil pela Dinamarca por 3 x 0, Senegal surpreendeu a Suécia com um gol de ouro na prorrogação após empate em 1 x 1 durante os 90 minutos, a Turquia venceu por 1 x 0 a outra seleção anfitriã Japão, e no duelo entre seleções americanas, os EUA venceram o México por 2 x 0.

O jogo Brasil x Bélgica foi bastante nervoso. Segundo Felipão, nosso treinador à época: "o jogo contra a Bélgica foi o mais difícil para gente na Copa do Mundo. Eles não tinham nada a perder. É diferente de jogar contra Inglaterra, Alemanha... " Assim sendo, os belgas tiveram um gol mal anulado no primeiro tempo com poucas chances de gol. No segundo tempo, Marcos salvava com grandes defesas. Até que Rivaldo abriu o placar, e Ronaldo selou a classificação as quartas após um contra-ataque. O ingleses seriam a nossa próxima vítima...

No primeiro jogo das quartas, os alemães venceram os EUA, pela primeira vez nas quartas de final de Copa do Mundo. Em um jogo também marcado por erros de arbitragem, a Coreia surpreendeu a Espanha por 5 x 3 nos pênaltis após empate sem gols nos 120 minutos. A anfitriã fazia história como a primeira seleção asiática a se classficar para uma semifinal de Copa do Mundo. No duelo das "zebras", a Turquia venceu Senegal na prorrogação.

Lembro-me perfeitamente do jogo Brasil x Inglaterra. Jogo disputado em Shizuoka, no Japão, as 15:30 da tarde, horário local. Então, aqui no Brasil, eram 3:30 da madrugada. Eu, com 8 anos na época, dormi durante todo o Mundial com um pijama com a bandeira da nossa seleção, e parece que este serviu como um amuleto. Os ingleses saíram na frente com gol de Owen, após falha de Lúcio. No último minuto do primeiro tempo, Ronaldinho Gaúcho fez grande jogada individual, e deixou Rivaldo na cara do gol para empatar e tranquilizar toda a nação brasileira antes do intervalo. Mesmo neste horário incomum, ainda me lembro de ouvir os fogos após o gol do meia, que marcava o seu quinto gol na Copa, e foi um dos outros destaques da Copa, ao lado do Fenômeno. No segundo tempo, R. Gaúcho virou o jogo num lance que certamente jamais sairá da cabeça de todos nós: o Gaúcho cobrou uma falta de muito longe, todos esperavam o cruzamento na área, inclusive o goleiro inglês Seaman, mas, talvez com um toque do sobrenatural, a bola caiu no fundo das redes inglesa. Demorei um pouco a entender o que se passava, foi algo difícil de se acreditar. Até hoje, o meio de campo do Atlético-MG insiste que quis chutar para o gol naquele lance. Ronaldinho, o herói, fora expulso pouco depois em um lance bobo. Restou, na raça, segurar Beckham e cia. para carimbar o passaporte à semi. O adversário seria novamente a Turquia.

O outro confronto da semi seria entre a anfitriã Coreia x Alemanha. O goleiro alemão Oliver Kahn, vivendo a melhor fase da carreira, vinha fazendo grandes defesas durante todo o Mundial, e não foi diferente nesta partida. O goleirão foi importantíssimo para a Alemanha segurar os coreanos e chegarem a mais uma decisão de Copa do Mundo após vitória por 1 x 0. Restava a eles aguardar o vencedor de Brasil x Turquia.

O jogo contra os turcos foi as 6 da manhã de Brasília. Horário muito cedo, mas eu estava lá, como certamente grande maioria do país, torcendo para o Brasil chegar a terceira final de Copa consecutiva. A surpreendente Turquia jogou melhor os primeiros minutos, e depois o jogo tornou-se muito disputado. Rivaldo insistia nos chutes de fora da área, em jogadas similares aquela em que resultou no primeiro gol brasileiro contra a Bélgica. Mas do outro lado estava o goleiro Rustü, o destaque da seleção turca, com grandes defesas. No segundo tempo, aos 5 minutos, Ronaldo fez o gol solitário, após chute de biquinho, a bola toca nas maõs do goleiro turco e morre nos fundos da rede. Foi a estreia do Fenômeno com o visual "Cascão", que passou a ser imitado após o Mundial. Depois do gol, foi necessário segurar a pressão turca. Mas este jogo ainda nos guardou uma cena também inesquecível. Com a proximidade do fim de jogo, Denílson prendia a bola no nosso campo de ataque, sendo marcado de perto por quatro jogadores turcos. "Quatro em cima dele, quatro em cima dele. É uma cena diferente na Copa do Mundo. Um batalhão para cima do Denílson!”, dizia Galvão, na TV Globo.

Assim, o Brasil estava classificado para a sétima final de Copa do Mundo de sua história. A adversária era a Alemanha, que havia sofrido um único gol em todo o Mundial, para a Irlanda, e que havia aplicado a maior goleada desta Copa: 8 x 0 na Arábia. Os destaques dos alemães eram Klose, mortal nas cabeçadas, o goleiro Oliver Kahn, Neuville e Ballack, que não disputou a final por ter recebido dois cartões amarelos.

A disputa de 3º lugar, entre Coreia x Turquia, foi vencida pelos turcos por 3 x 2. Nesse jogo aconteceu o gol mais rápido da história das Copas, aos 9 segundos de jogo.

30/06/2002. 20 horas no Japão, 8 horas no Brasil. Yokohama seria o palco da decisão. O Brasil teria outra chance de conquistar o inédito penta, após a dolorosa derrota para a França em Paris, quatro anos antes. Para a Alemanha de Rudd Völler, poderia ser o tetracampeonato e igualar ao Brasil como maior campeã. Apesar de ambas as seleções terem o recorde de participações em Copas, o Brasil com 19 e a Alemanha com 17, este foi o primeiro confronto entre ambas no Mundial.

O que me lembro deste jogo: atuação memorável de Ronaldo, e a surpreendente atuação do garoto Kleberson, que carimbou um lindo chute no travessão. Pressão total do Brasil no primeiro tempo, Ronaldo perdendo duas boas chances, e o goleirão Kahn seguro na meta. Nos primeiros 45 minutos, o placar não se alterou. A Alemanha voltou melhor para a etapa final. Neuville soltou uma bomba após cobrança de falta, Marcos defendeu com a ponta dos dedos, e a bola bateu no travessão. Susto para nossa nação. O jogo seguia nervoso, até que, aos 22 minutos, Ronaldo recupera uma bola no campo de defesa alemão, toca para Rivaldo, este chuta no meio do gol, o goleiro Kahn falha feio, e o Fenômeno não perdoa... 1 x 0 Brasil, o penta estava muito próximo. Certamente, explosão de alegria em todo o território nacional. A Alemanha não se abateu, buscava o empate. Mas, aos 33, veio o golpe final. O goleiro Kahn deu um chutão para a frente, Edmilson, com a bola no ar, toca de peixinho para Cafu na lateral direita, este toca para Kleberson, que avança, toca para Rivaldo, que faz o corta-luz, e então Ronaldo fuzila rasteiro no canto esquero de Kahn, que nada pôde fazer. 2 x 0 para o Brasil, o gol do penta! Ronaldo, que quatro anos antes não jogou a final, que, em 2000, após sofrer uma grave lesão,  muitos o consideravam acabado para o futebol, dava a volta por cima, marcando os dois gols na decisão, e foi o artilheiro do Mundial com 8 gols. Após o apito final, o Brasil se tornava o primeiro PENTA do mundo! Na entrega da taça, a imagem inesquecível do capitão Cafu subindo na mesa em que o troféu estava acomodado, proferindo as palavras a sua esposa: "Regina, eu te amo". Ela e mais milhões de brasileiros comemoravam este título, após a dolorosa final de 1998.

Foi a consagração de uma seleção que chegava desacreditada ao Mundial, só conseguindo se classificar na última rodada das Eliminatórias. A seleção, muito unida do início ao fim, ficou conhecida como "Família Scolari".


Abaixo, todos os gols do Brasil no Mundial:

Brasil 2 x 1 Turquia- 03/06/2002



O Brasil precisou contar com um voleio preciso de Ronaldo e nossa característica malandragem para estrear com o pé direito. Luizão, derrubado fora da área, causou a expulsão do jogador que o derrubou, pegando a bola e a pondo na marca do pênalti. Rivaldo também simulou uma bolada no rosto, sendo esta na verdade na coxa, e a Turquia terminou o jogo com nove jogadores. Rivaldo marcou de pênalti o gol da virada...

Brasil 4 x 0 China
- 08/06/2002



O Brasil não teve problemas para golear a China. Roberto Carlos, com uma bomba, de falta, abriu o placar. Ronaldinho Gaúcho, de pênalti, Rivaldo e Ronaldo, fecharam o placar.

Brasil 5 x 2 Costa Rica- 13/06/2002





Marín (contra), Ronaldo, Edmilson, Rivaldo e Júnior marcaram os gols em outra goleada brasileira que garantiu os 100% na primeira fase. Wanchope e Gomez diminuíram para os costarriquenhos. O jogo, aqui no Brasil, foi às 3:30 da madrugada.

Brasil 2 x 0 Bélgica - 18/06/2002



Rivaldo e Ronaldo marcaram os gols que levaram o Brasil às quartas do Mundial.

Brasil 2 x 1 Inglaterra - 22/06/2002



Owen abriu o placar para os ingleses, mas Rivaldo e R. Gaúcho viraram o jogo para o Brasil. Estávamos nas semis...

Brasil 1 x 0 Turquia - 26/06/2002



Ronaldo fez o gol que garantiu o Brasil na sétima final de Mundial da nossa história.

Brasil 2 x 0 Alemanha - 30/06/2002



Ronaldo fez os dois gols que garantiram o nosso penta. Destaque para a narração emocionante do segundo gol por Galvão Bueno.

Há dez anos, estávamos no topo do mundo pela quinta vez. Daqui a dois anos, a Copa será aqui, outra vez. Todo nós esperamos um destino melhor do que aquele da Copa de 50, quando perdemos para o Uruguai perante 200 mil brasileiros no Maracanã. Mas, com este treinador atual, parece um sonho distante... Ainda há tempo para mudar!

Curiosidades:

.A França fez a pior campanha de uma seleção que defendia título: terminou na 28ª colocação.
.A Itália teve 5 gols anulados. Um deles, o que seria o gol de ouro contra a Coreia nas oitavas.
.Desde a Copa de 1974, na Alemanha, um jogador não marcava mais de sete gols na competição. Ronaldo bateu a marca do polonês Lato, fazendo oito gols em 2002. Dois deles foram anotados na final, contra a Alemanha.
.Pela segunda vez na história, um país se tornou campeão fora de seu continente. O Brasil venceu a Copa de 1958, na Suécia. Somente em 2002, no Mundial organizado pelo Japão e pela Coreia do Sul, a situação voltou a acontecer.
.A final entre Brasil e Alemanha foi inédita. As duas equipes mais bem sucedidas das Copas nunca haviam se encontrado no torneio - nunca até seus 87º e 85º jogos, respectivamente. Ambas as seleções são recordistas em finais de Mundiais, com sete para cada lado.
.Três seleções terminaram o torneio invictas: o Brasil, campeão com sete vitórias, a Espanha, que terminou a competição na 5ª colocação com três vitórias e dois empates e a Irlanda, que ficou em 12º lugar com uma vitória e três empates.
.A Bélgica foi a seleção mais velha da Copa, já que teve a maior média de idade da competição: 28,26 anos. Seu jogador mais velho, o meia Danny Boffin, tinha 37 anos. Já a Nigéria foi a seleção mais jovem da competição, 23,30 anos de média.
.O Brasil igualou o recorde alemão de participar de três finais consecutivas. Enquanto os brasileiros disputaram as finais 1994, 1998 e 2002 e levou duas delas, os alemães disputaram em 1982, 1986 e 1990, e só levou nesta última.
.O técnico sérvio Bora Milutinovic disputou sua quinta Copa do Mundo consecutiva pela quinta seleção diferente - México, Costa Rica, EUA, Nigéria e China. Ele enfrentou o Brasil pela terceira vez, cada uma defendendo um país (Costa Rica, EUA e China), e perdeu todas.
.Cafu, lateral direito da seleção brasileira, foi o primeiro jogador a disputar três finais de Copa consecutivas - participou das finais de 1994, quando o Brasil conquistou o tetra, de 1998, quando ficou em segundo lugar, e em 2002, no pentacampeonato.
.O sul-coreano Ahn Jung-Hwan acabou demitido do Perugia após eliminar a Itália




Em pé: Lúcio, Edmilson, Roque Junior, Gilberto Silva, Marcos, Kaká, Vampeta, Anderson Polga, Dida, Rogério Ceni e Belletti.
Agachados: Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo, Roberto Carlos, Kléberson, Rivaldo, Cafu, Júnior, Ricardinho, Luizão, Edilson, Denílson e Juninho Paulista.


E você? Onde estava quando o Brasil conquistou o penta? Se lembra de algum detalhe interessante? Conte na caixinha de comentários!