quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

Crítica de "Homem Aranha Sem volta para casa"

 


 

 

O terceiro filme do aracnídeo no UCM foi cercado de expectativas desde o início da produção, com os boatos de um Aranhaverso em live action após o sucesso da animação vencedora do Oscar 2019. Os fãs sonhavam em ver Tobey Maguire e Andrey Garfield de volta ao papel, com direito a recorde de venda de ingressos para a pré-estreia e derrubando vários sites pelo mundo. No momento, o longa se encaminha para ser o primeiro pós pandemia a passar da marca de 1 bilhão de dólares na bilheteria.

Partindo exatamente de onde o anterior parou, com Mysterio revelando a identidade do herói ao mundo, Peter vê as consequências atingir todos ao seu redor. Contando com a defesa de um advogado “especial”, ele consegue sua inocência, mas como seus amigos ainda foram diretamente prejudicados pela ligação com ele, decide buscar ajuda do Dr Estranho para fazer todos esquecerem que ele é o Homem Aranha...

Se baseando na HQ “Um dia a mais”, o primeiro ato é muito rápido, contendo bastante humor (alguns muito fora do tom como Flash Thompson), participações especiais e as consequências da exposição de sua identidade para com todos ao seu redor, traçando um paralelo com as fake news da vida real. Mas o feitiço dá errado e isso acaba trazendo vários vilões de outra realidade que sabiam a identidade do Homem Aranha. É muito bom ver os vilões clássicos interpretados por Willem Dafoe e Alfred Molina de volta. Todos eles ganham um novo visual, e a atuação de Willem é realmente impressionante, tornando se ainda mais assustador sem a máscara. Jamie Foxx também está de volta como Electro, numa versão bem melhorada comparada a Amazing Spider Man 2. Rhys Ifans e Thomas Haden Church, como Lagarto e Homem-Areia, respectivamente, são o ponto baixo, sendo subaproveitados, aparecendo apenas em CGI e com cenas reutilizadas dos filmes originais.

Tudo do que os fãs mais reclamavam se resolve aqui. Peter Parker finalmente amadurece, aprendendo o valor da responsabilidade, após a perda de um ente querido. Também vemos ele enfim se desvencilhar de Tony Stark, que neste universo acabou por ser uma figura paterna para o mesmo, se aproximando de vez do Homem Aranha clássico das HQs que faz seu próprio traje e tem problemas de gente comum como pagar o aluguel.

O ato final é memorável, trazendo de volta personagens muito queridos pelos fãs (e, diga-se de passagem, foi um momento marcante para mim, remetendo diretamente à minha infância), onde o filme brilha. Um deles está claramente empolgado com o retorno, e já há pedidos do público para um último filme com este, que é devidamente merecido. Tem fan services excelentes, na medida certa, inclusive um momento de redenção, e usando da metalinguagem em alguns momentos como se fossem os próprios fãs falando.

Jon Watts mostra uma evolução considerável na direção neste filme. Enfim vemos seu “toque pessoal”, com o uso de câmeras em 360º em alguns momentos, e temos cenas de ação muito bem dirigidas, assim como as de drama, apesar de ainda continuar com o excesso de CGI em alguns momentos.

Tom Holland está excelente no papel, mostrando versatilidade quando necessário, e Zendaya e Jacob Batalon continuam bem como MJ e Ned, respectivamente. Benedict Cumberbatch faz o básico como Dr Estranho, que não tem uma participação tão grande como parecia pelos trailers, mas é compreensível visto que o próximo filme é o dele.

Mesmo com a produção tendo passado por muitos problemas nos bastidores, com várias mudanças no roteiro, prazo apertado para ser finalizado, e muitos vazamentos da trama pela internet (muitos provando-se reais) e sendo cogitado inclusive o adiamento, os roteiristas conseguiram fazer tudo encaixar praticamente de forma perfeita, tirando um ou outro momento que soou forçado, o filme fecha muito bem a trilogia do amigo da vizinhança no UCM, mostrando-se o melhor filme do Aracnídeo em live action desde Homem-Aranha 2 e abre caminho para o futuro com muita coisa em aberto, nos deixando ansioso para mais. Que venha a trilogia da faculdade!

“Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”

Nota: 9