sábado, 30 de junho de 2012

Dez anos do penta



O ano era 2002. A 17ª Copa do Mundo FIFA seria realizada na Coreia do Sul e no Japão. O Mundial reuniu 32 seleções e foi realizada de 31 de maio até 30 de junho deste ano. Pela primeira vez, um Mundial era realizado fora das Américas e da Europa. Exatamente há uma década, o Brasil conquistava seu quinto título mundial vencendo a Alemanha na final. Vamos relembrar...

O mundo viu, durante quase um mês de muito futebol, muitas surpresas e decepções. A França, então campeã mundial, teve a honra de abrir o Mundial, e foi surpreendida por Senegal, que passou a segunda fase e só parou diante da outra surpresa Turquia nas quartas. Os campeões mundiais voltaram pra casa com duas derrotas e um empate, e sequer marcaram um gol. Frustração para os Bleus...

A Turquia, adversária da estreia do Brasil, deu muito trabalho para a nossa seleção, vencida pela seleção canarinho 2 x 1. A seleção europeia chegou as semis, sendo novamente derrotada pelo Brasil, e ficou com o terceiro lugar vencendo a anfitriã Coreia do Sul por 3 x 2.

A anfitriã Coreia, treinada pelo experiente holandês Guus Hiddink, que havia levado a seleção de seu país a semi na Copa de 98, foi a maior surpresa do Mundial. Caiu num grupo com Portugal, Polônia e EUA. Esta e os norte-americanos seguiram em frente. Venceram os poloneses por 2 x 0 na estreia, empataram com os EUA em seguida,com o gol de empate saindo as 33 da segunda etapa, e surpreendeu Portugal com um gol de Park Ji-Sung. Os estadunidenses se classificaram após derrotarem Portugal e empatatem com a Polônia. Os poloneses e os portugueses venceram apenas uma, e a pontuação não foi suficiente para se classificarem a segunda fase, sendo que apenas os dois primeiros colocados de cada grupo seguem em frente.

A Argentina caiu no chamado "Grupo da Morte". Após ter vencido a Nigéria por 1 X 0, perdeu para a Inglaterra por 1 X 0 e, para nossa alegria, sucumbiu diante da Suécia num empate em 1 X 1. A Itália se classificou no seu grupo no saldo de gols, mas foi eliminada nas oitavas-de-final pela Coreia do Sul. Curiosamente em 1966, a Itália foi eliminada pela Coreia do Norte.

O Brasil, após vencer a Turquia na estreia, venceu a China por 4 x 0 e a Costa Rica por 5 x 2. A Turquia se classificou no saldo de gols (2 a -1). Os costarriquenhos venceram a China por 2 x 0 e empataram em 1 x 1 com a Turquia. Os chineses perderam todas as três partidas e, como a França, sequer marcaram um gol.

Os confrontos das oitavas: Alemanha x Paraguai, Espanha x Irlanda, Coreia do Sul x Itália, Dinamarca x Inglaterra, Brasil x Bélgica, Suécia x Senegal, Japão x Turquia e México x EUA.

A Alemanha venceu Paraguai por 1 x 0, a Espanha venceu a Irlanda nos pênaltis. A seleção irlandesa teve dois pênaltis a seu favor no tempo normal, mas só converteu um.

O jogo Coreia x Itália foi um jogo nervoso. A arbitragem anulou gols legítimos da seleção italiana. Assim como na primeira fase, onde erros de arbitragem quase custaram a classificação dos italianos, a "Azurra" teve dois gols anulados neste jogo. Saiu na frente, a Coreia empatou aos 43' do segundo tempo, e no final da prorrogação, os coreanos marcaram o "gol de ouro".

Nos outros jogos, a Inglaterra passou fácil pela Dinamarca por 3 x 0, Senegal surpreendeu a Suécia com um gol de ouro na prorrogação após empate em 1 x 1 durante os 90 minutos, a Turquia venceu por 1 x 0 a outra seleção anfitriã Japão, e no duelo entre seleções americanas, os EUA venceram o México por 2 x 0.

O jogo Brasil x Bélgica foi bastante nervoso. Segundo Felipão, nosso treinador à época: "o jogo contra a Bélgica foi o mais difícil para gente na Copa do Mundo. Eles não tinham nada a perder. É diferente de jogar contra Inglaterra, Alemanha... " Assim sendo, os belgas tiveram um gol mal anulado no primeiro tempo com poucas chances de gol. No segundo tempo, Marcos salvava com grandes defesas. Até que Rivaldo abriu o placar, e Ronaldo selou a classificação as quartas após um contra-ataque. O ingleses seriam a nossa próxima vítima...

No primeiro jogo das quartas, os alemães venceram os EUA, pela primeira vez nas quartas de final de Copa do Mundo. Em um jogo também marcado por erros de arbitragem, a Coreia surpreendeu a Espanha por 5 x 3 nos pênaltis após empate sem gols nos 120 minutos. A anfitriã fazia história como a primeira seleção asiática a se classficar para uma semifinal de Copa do Mundo. No duelo das "zebras", a Turquia venceu Senegal na prorrogação.

Lembro-me perfeitamente do jogo Brasil x Inglaterra. Jogo disputado em Shizuoka, no Japão, as 15:30 da tarde, horário local. Então, aqui no Brasil, eram 3:30 da madrugada. Eu, com 8 anos na época, dormi durante todo o Mundial com um pijama com a bandeira da nossa seleção, e parece que este serviu como um amuleto. Os ingleses saíram na frente com gol de Owen, após falha de Lúcio. No último minuto do primeiro tempo, Ronaldinho Gaúcho fez grande jogada individual, e deixou Rivaldo na cara do gol para empatar e tranquilizar toda a nação brasileira antes do intervalo. Mesmo neste horário incomum, ainda me lembro de ouvir os fogos após o gol do meia, que marcava o seu quinto gol na Copa, e foi um dos outros destaques da Copa, ao lado do Fenômeno. No segundo tempo, R. Gaúcho virou o jogo num lance que certamente jamais sairá da cabeça de todos nós: o Gaúcho cobrou uma falta de muito longe, todos esperavam o cruzamento na área, inclusive o goleiro inglês Seaman, mas, talvez com um toque do sobrenatural, a bola caiu no fundo das redes inglesa. Demorei um pouco a entender o que se passava, foi algo difícil de se acreditar. Até hoje, o meio de campo do Atlético-MG insiste que quis chutar para o gol naquele lance. Ronaldinho, o herói, fora expulso pouco depois em um lance bobo. Restou, na raça, segurar Beckham e cia. para carimbar o passaporte à semi. O adversário seria novamente a Turquia.

O outro confronto da semi seria entre a anfitriã Coreia x Alemanha. O goleiro alemão Oliver Kahn, vivendo a melhor fase da carreira, vinha fazendo grandes defesas durante todo o Mundial, e não foi diferente nesta partida. O goleirão foi importantíssimo para a Alemanha segurar os coreanos e chegarem a mais uma decisão de Copa do Mundo após vitória por 1 x 0. Restava a eles aguardar o vencedor de Brasil x Turquia.

O jogo contra os turcos foi as 6 da manhã de Brasília. Horário muito cedo, mas eu estava lá, como certamente grande maioria do país, torcendo para o Brasil chegar a terceira final de Copa consecutiva. A surpreendente Turquia jogou melhor os primeiros minutos, e depois o jogo tornou-se muito disputado. Rivaldo insistia nos chutes de fora da área, em jogadas similares aquela em que resultou no primeiro gol brasileiro contra a Bélgica. Mas do outro lado estava o goleiro Rustü, o destaque da seleção turca, com grandes defesas. No segundo tempo, aos 5 minutos, Ronaldo fez o gol solitário, após chute de biquinho, a bola toca nas maõs do goleiro turco e morre nos fundos da rede. Foi a estreia do Fenômeno com o visual "Cascão", que passou a ser imitado após o Mundial. Depois do gol, foi necessário segurar a pressão turca. Mas este jogo ainda nos guardou uma cena também inesquecível. Com a proximidade do fim de jogo, Denílson prendia a bola no nosso campo de ataque, sendo marcado de perto por quatro jogadores turcos. "Quatro em cima dele, quatro em cima dele. É uma cena diferente na Copa do Mundo. Um batalhão para cima do Denílson!”, dizia Galvão, na TV Globo.

Assim, o Brasil estava classificado para a sétima final de Copa do Mundo de sua história. A adversária era a Alemanha, que havia sofrido um único gol em todo o Mundial, para a Irlanda, e que havia aplicado a maior goleada desta Copa: 8 x 0 na Arábia. Os destaques dos alemães eram Klose, mortal nas cabeçadas, o goleiro Oliver Kahn, Neuville e Ballack, que não disputou a final por ter recebido dois cartões amarelos.

A disputa de 3º lugar, entre Coreia x Turquia, foi vencida pelos turcos por 3 x 2. Nesse jogo aconteceu o gol mais rápido da história das Copas, aos 9 segundos de jogo.

30/06/2002. 20 horas no Japão, 8 horas no Brasil. Yokohama seria o palco da decisão. O Brasil teria outra chance de conquistar o inédito penta, após a dolorosa derrota para a França em Paris, quatro anos antes. Para a Alemanha de Rudd Völler, poderia ser o tetracampeonato e igualar ao Brasil como maior campeã. Apesar de ambas as seleções terem o recorde de participações em Copas, o Brasil com 19 e a Alemanha com 17, este foi o primeiro confronto entre ambas no Mundial.

O que me lembro deste jogo: atuação memorável de Ronaldo, e a surpreendente atuação do garoto Kleberson, que carimbou um lindo chute no travessão. Pressão total do Brasil no primeiro tempo, Ronaldo perdendo duas boas chances, e o goleirão Kahn seguro na meta. Nos primeiros 45 minutos, o placar não se alterou. A Alemanha voltou melhor para a etapa final. Neuville soltou uma bomba após cobrança de falta, Marcos defendeu com a ponta dos dedos, e a bola bateu no travessão. Susto para nossa nação. O jogo seguia nervoso, até que, aos 22 minutos, Ronaldo recupera uma bola no campo de defesa alemão, toca para Rivaldo, este chuta no meio do gol, o goleiro Kahn falha feio, e o Fenômeno não perdoa... 1 x 0 Brasil, o penta estava muito próximo. Certamente, explosão de alegria em todo o território nacional. A Alemanha não se abateu, buscava o empate. Mas, aos 33, veio o golpe final. O goleiro Kahn deu um chutão para a frente, Edmilson, com a bola no ar, toca de peixinho para Cafu na lateral direita, este toca para Kleberson, que avança, toca para Rivaldo, que faz o corta-luz, e então Ronaldo fuzila rasteiro no canto esquero de Kahn, que nada pôde fazer. 2 x 0 para o Brasil, o gol do penta! Ronaldo, que quatro anos antes não jogou a final, que, em 2000, após sofrer uma grave lesão,  muitos o consideravam acabado para o futebol, dava a volta por cima, marcando os dois gols na decisão, e foi o artilheiro do Mundial com 8 gols. Após o apito final, o Brasil se tornava o primeiro PENTA do mundo! Na entrega da taça, a imagem inesquecível do capitão Cafu subindo na mesa em que o troféu estava acomodado, proferindo as palavras a sua esposa: "Regina, eu te amo". Ela e mais milhões de brasileiros comemoravam este título, após a dolorosa final de 1998.

Foi a consagração de uma seleção que chegava desacreditada ao Mundial, só conseguindo se classificar na última rodada das Eliminatórias. A seleção, muito unida do início ao fim, ficou conhecida como "Família Scolari".


Abaixo, todos os gols do Brasil no Mundial:

Brasil 2 x 1 Turquia- 03/06/2002



O Brasil precisou contar com um voleio preciso de Ronaldo e nossa característica malandragem para estrear com o pé direito. Luizão, derrubado fora da área, causou a expulsão do jogador que o derrubou, pegando a bola e a pondo na marca do pênalti. Rivaldo também simulou uma bolada no rosto, sendo esta na verdade na coxa, e a Turquia terminou o jogo com nove jogadores. Rivaldo marcou de pênalti o gol da virada...

Brasil 4 x 0 China
- 08/06/2002



O Brasil não teve problemas para golear a China. Roberto Carlos, com uma bomba, de falta, abriu o placar. Ronaldinho Gaúcho, de pênalti, Rivaldo e Ronaldo, fecharam o placar.

Brasil 5 x 2 Costa Rica- 13/06/2002





Marín (contra), Ronaldo, Edmilson, Rivaldo e Júnior marcaram os gols em outra goleada brasileira que garantiu os 100% na primeira fase. Wanchope e Gomez diminuíram para os costarriquenhos. O jogo, aqui no Brasil, foi às 3:30 da madrugada.

Brasil 2 x 0 Bélgica - 18/06/2002



Rivaldo e Ronaldo marcaram os gols que levaram o Brasil às quartas do Mundial.

Brasil 2 x 1 Inglaterra - 22/06/2002



Owen abriu o placar para os ingleses, mas Rivaldo e R. Gaúcho viraram o jogo para o Brasil. Estávamos nas semis...

Brasil 1 x 0 Turquia - 26/06/2002



Ronaldo fez o gol que garantiu o Brasil na sétima final de Mundial da nossa história.

Brasil 2 x 0 Alemanha - 30/06/2002



Ronaldo fez os dois gols que garantiram o nosso penta. Destaque para a narração emocionante do segundo gol por Galvão Bueno.

Há dez anos, estávamos no topo do mundo pela quinta vez. Daqui a dois anos, a Copa será aqui, outra vez. Todo nós esperamos um destino melhor do que aquele da Copa de 50, quando perdemos para o Uruguai perante 200 mil brasileiros no Maracanã. Mas, com este treinador atual, parece um sonho distante... Ainda há tempo para mudar!

Curiosidades:

.A França fez a pior campanha de uma seleção que defendia título: terminou na 28ª colocação.
.A Itália teve 5 gols anulados. Um deles, o que seria o gol de ouro contra a Coreia nas oitavas.
.Desde a Copa de 1974, na Alemanha, um jogador não marcava mais de sete gols na competição. Ronaldo bateu a marca do polonês Lato, fazendo oito gols em 2002. Dois deles foram anotados na final, contra a Alemanha.
.Pela segunda vez na história, um país se tornou campeão fora de seu continente. O Brasil venceu a Copa de 1958, na Suécia. Somente em 2002, no Mundial organizado pelo Japão e pela Coreia do Sul, a situação voltou a acontecer.
.A final entre Brasil e Alemanha foi inédita. As duas equipes mais bem sucedidas das Copas nunca haviam se encontrado no torneio - nunca até seus 87º e 85º jogos, respectivamente. Ambas as seleções são recordistas em finais de Mundiais, com sete para cada lado.
.Três seleções terminaram o torneio invictas: o Brasil, campeão com sete vitórias, a Espanha, que terminou a competição na 5ª colocação com três vitórias e dois empates e a Irlanda, que ficou em 12º lugar com uma vitória e três empates.
.A Bélgica foi a seleção mais velha da Copa, já que teve a maior média de idade da competição: 28,26 anos. Seu jogador mais velho, o meia Danny Boffin, tinha 37 anos. Já a Nigéria foi a seleção mais jovem da competição, 23,30 anos de média.
.O Brasil igualou o recorde alemão de participar de três finais consecutivas. Enquanto os brasileiros disputaram as finais 1994, 1998 e 2002 e levou duas delas, os alemães disputaram em 1982, 1986 e 1990, e só levou nesta última.
.O técnico sérvio Bora Milutinovic disputou sua quinta Copa do Mundo consecutiva pela quinta seleção diferente - México, Costa Rica, EUA, Nigéria e China. Ele enfrentou o Brasil pela terceira vez, cada uma defendendo um país (Costa Rica, EUA e China), e perdeu todas.
.Cafu, lateral direito da seleção brasileira, foi o primeiro jogador a disputar três finais de Copa consecutivas - participou das finais de 1994, quando o Brasil conquistou o tetra, de 1998, quando ficou em segundo lugar, e em 2002, no pentacampeonato.
.O sul-coreano Ahn Jung-Hwan acabou demitido do Perugia após eliminar a Itália




Em pé: Lúcio, Edmilson, Roque Junior, Gilberto Silva, Marcos, Kaká, Vampeta, Anderson Polga, Dida, Rogério Ceni e Belletti.
Agachados: Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo, Roberto Carlos, Kléberson, Rivaldo, Cafu, Júnior, Ricardinho, Luizão, Edilson, Denílson e Juninho Paulista.


E você? Onde estava quando o Brasil conquistou o penta? Se lembra de algum detalhe interessante? Conte na caixinha de comentários!

sexta-feira, 29 de junho de 2012

La caída

A zebra é um animal típico das savanas africanas. Seu nome científico é Equus buschelli. São animais herbívoros, e se alimentam das pastagens da savana.

Na linguagem esportiva, zebra é uma expressão utilizada quando o mais fraco derrota o mais forte, quando Davi vence Golias.

Rafael Nadal, dono de 11 Grand Slams, bicampeão de Wimbledon, há duas semanas vivia um dos maiores momentos da carreira, tendo conquistado o inédito heptacampeonato em Roland Garros e consolidando sua hegemonia no saibro. Na grama, era considerado por muitos, inclusive eu mesmo, favorito ao título. Antes de WB, Nadal declarou que seria arrogância pensar em título antes da primeira rodada, e que só pensava no confronto contra Bellucci. Dois dias atrás, o brasileiro chegou a abrir 4/0 no primeiro set, mas o espanhol conseguiu se recuperar, encostar no placar, vencer no tie break e vencer os outros de forma direta.

Na segunda rodada, o confronto era contra o desconhecido Lukas Rosol, número 100 do mundo, com números inexpressivos sobre a grama, disputando o Slam londrino pela primeira vez, aos 26 anos, mesma idade do espanhol.

Nadal também havia declarado que, "na grama, se você não tem confiança, é uma loteria.". Não sei dizer se foi exatamente confiança que faltou ao bicampeão, mas o adversário não o deu ritmo nenhum, especialmente quando este sacava. E como sacou...

Nadal começou o jogo ainda sem estar totalmente adaptado a superfície, levando 3 tombos, inclusive um deles no meio da rede. O set inicial foi decidido num tie break, onde Nadal após salvar 3 set points, fechou em 11/9. No segundo e terceiro sets, o nível do atual campeão de RG caiu um pouco, e uma quebra sofrida em ambos foi o suficiente para este sofrer a virada no placar, em um duplo 6/4, com o tcheco jamais dando brechas em seu saque. No quarto set, Nadal voltou a melhorar, abrindo 5/2, após queda de aproveitamento do saque do adversário, e com outra quebra, levou o jogo para o quinto set.

Anoitecia na capital inglesa, e na necessidade de cobrir a Quadra Central para o embate continuar sob luzes artificiais, o quinto set só teve início 45 minutos mais tarde. Com a quadra um pouco mais rápida, Nadal voltou frio, foi quebrado, e então Rosol voltou a sacar absurdos, parecendo uma máquina perfeita de disparar saques indefensáveis, não deixando jamais um 40/30 no placar enquanto sacava, até fechar em 6/4, surpreender o mundo, conseguir a maior vitória da carreira. Apesar de Nadal disparar 19 aces, seu revés esteve deficiente, curto demais, pronto para o adversário matar o ponto...

O tenista de Mallorca amargou a pior derrota da carreira. Antes de perder para o número 100 do ranking, a pior derrota deste para um tenista de pior ranking fora em 2007, para Nicolas Mahut, então 106 do mundo. A última vez que o espanhol havia perdido antes da terceira rodada em um Major havia sido em 2005 para Gilles Müller.

Assim, Nadal perde a vice liderança do ranking para Roger Federer. O suíço ainda poderá voltar ao topo caso conquiste o hepta, alcançando Sampras nas semanas consecutivas de soberania.

Nadal, no saibro, é a prova de dias ruins. O mesmo não se aplica à grama. Já está desde o US Open 2010 sem um título fora de saibro. Usará este fato como motivação a mais para a Olimpíada. Havia chegado a final de WB nas últimas 5 participações. Na coletiva pós-jogo, declarou que no esporte há dias que você ganha e que você perde. E temos mais uma semana de WB pela frente, que promete fortes emoçoēs. Será que Andy Murray acabará com a seca dos britânicos e a própria em Slams? Será que Djokovic conquista o bi e se mantém no topo? Ou será que o hexacampeão Federer dará a volta por cima? Vamos aguardar!

sexta-feira, 22 de junho de 2012

O que esperar de Wimbledon 2012





Nesta segunda-feira, dia 25, terá início o terceiro Grand Slam da temporada: Wimbledon. Ocorreu pela primeira vez em 1877, e atualmente na 126ª edição, já que durante as Grandes Guerras este não ocorreu. Os maiores campeões na "grama sagrada" são William Renshaw, campeão de 1881-86 e 1889, e Pete Sampras, campeão de 1993-2000, ambos com sete títulos. O suíço Roger Federer, considerado por muitos o melhor tenista da história, vem logo abaixo com seis títulos.

Jogos memoráveis já ocorreram na Centre Court: a final masculina de 2008 entre Federer x Nadal, a final de 1980 entre Borg x McEnroe, entre outros. Também, na quadra 18, aconteceu o jogo mais longo da história, em 2010, entre John Isner x Nicolas Mahut, onde o americano triunfou depois de mais de ONZE horas de batalha com a parcial de 70/68 no quinto e decisivo set.

O que esperar deste ano:

Novak Djokovic

O sérvio, primeiro do seu país a alcançar o topo do ranking mundial naquela campanha fantástica do ano passado, e atual campeão no Slam londrino, irá defender seu título com risco de perder o número 1, já que uma queda antes da decisão o faria perder tão respeitado e desejado posto. Repete o que vem fazendo ano passado, não disputando nenhum dos ATPs na grama pré-Wimbledon, apesar de ter disputado uma exibição contra Andy Murray e vencido. O sérvio não está no mesmo nível arrasador do último ano, quando chegou em Londres com apenas uma derrota até então, já tendo sido derrotado 6 vezes este ano, mas continua com jogo para derrotar qualquer um. Resta saber se as sucessivas derrotas no saibro para Rafael Nadal podem fazer a diferença em outra provável final entre ambos. O sérvio, numa entrevista, declarou que estava disposto a comer grama de novo. Fará sua estreia contra Juan Carlos Ferrero, ex-número 1 do mundo.

Rafael Nadal

Recentemente conquistou o heptacampeonato em Roland Garros, tornando-se assim o maior vencedor do Slam francês e corroborou de vez ser o maior saibrista da história. Na grama, tem um bicampeonato em Wimbledon e um título em Queen's em 2008. No ano passado, foi vice-campeão, sendo derrotado por Djokovic em 4 sets. Nos torneios preparatórios, foi derrotado pelo Kohlschreiber nas quartas, talvez pelo pouco tempo de adaptação que teve, mas o próprio declarou que jogar antes o ajudou muito. Vem sacando muito bem, vem jogando com um revés fundo, agressivo também com o forehand, e com a confiança altíssima após os títulos no saibro. Diria que é o favorito... Enfrentará Thomaz Bellucci na estreia. Provavelmente ainda estará um pouco fora de ritmo, e o brasileiro jogará sem pressão, então, acredito que o paulista poderá dar trabalho ao espanhol por 2 sets, até mesmo levando um deles ao tie break. Passando, ainda terá pelo caminho Philipp Kohlschreiber, que o eliminou em Halle, ou Tommy Haas. Nas quartas poderá enfrentar Tsonga, aquele que eliminou Federer após estar 2 sets atrás e ter match points contra Novak Djokovic em Roland Garros. Na semi, poderá ter pelo terceiro ano consecutivo o escocês Andy Murray.

Roger Federer

Sem dúvidas, o maior especialista na grama do circuito. Hexacampeão em Wimbledon, recordista de Slams, considerado por muitos o melhor de todos. Novamente, caiu do mesmo lado da chave de Novak Djokovic,e provavelmente se enfrentando nas semis, o suíço só depende de si para voltar ao topo e tentar quebrar outro recorde de Sampras, o de semanas consecutivas como número 1. Para isso, terá que conquistar o hepta. Em 2011, o suíço foi eliminado nas quartas por Jo-Wilfried Tsonga. Chegou a abrir 2 sets de diferença, mas acabou sofrendo a virada. Como Nadal e Djokovic chegaram a final no último ano, este é quem defende menos pontos entre os top 3. Se o sérvio quiser se manter no topo, terá que chegar a decisão. Para Rafael Nadal voltar ao número 1, terá que torcer para Djokovic cair antes das quartas, e conquistar o tri. Ainda precisa que Federer caia uma rodada antes dele. Acredito que chegará a decisao, já que num provável confronto contra Djokovic poderá levar a melhor, dado o retrospecto deste nesta superfície. Se, na decisão o adversário for Nadal, o mental pode pesar outra vez pro suíço. Seu jogo encaixa muito com a grama, fazendo uso do saque e voleio e seu slice incomodando mais do que nunca, devido ao quique mais baixo da bola nessa superfície... Seu saque também é uma arma mortal, quando em dia...


Andy Murray

Semifinalista em 2010 e 2011, sendo derrotado em ambas por Rafael Nadal , o britânico tentará mais uma vez seu primeiro título de Grand Slam na carreira. Convivendo com dores nas costas, o que o fez cair precocemente nos Masters de saibro, em Roland Garros e em Queen's, tentará quebrar a indigesta marca de, desde Fred Perry em 1936, nenhum outro britânico conseguiu triunfar na grama londrina.

David Ferrer

Considerado um saibrista, apesar de ser um jogador agressivo, nunca obteve grandes resultados na grama londrina, cuja melhor campanha foi nas oitavas em 2006, 2010 e 2011. Acredito que esse ano poderá ir mais longe, atingindo as quartas.

Demais tenistas

Sempre devemos ficar atentos a Jo-Wilfried Tsonga e Tomas Berdych. O primeiro eliminou Federer no ano passado, sendo parado por Djokovic em seguida. O segundo, vice campeão em 2010, eliminou naquele ano Federer e Djokovic em sequência. São aqueles jogadores, em que num dia inspirado, podem derrotar qualquer um dos tops. O francês estreará contra Lleyton Hewitt, campeão de Wimbledon em 2002. O cabeça 8 Janko Tipsarevic enfrentará David Nalbandian depois da polêmica desclassificação do argentino em Queen's após um momento de fúria quando vencia a decisão... Os jovens Bernard Tomic e David Goffin se enfrentarão. O primeiro chegou as quartas no ano passado, enquanto o segundo chegou as oitavas em Roland Garros, tirando set de Roger Federer. Na segunda rodada, poderemos ter John Isner x Nicolas Mahut outra vez.

Que venha Wimbledon!

Abaixo, a foto da placa da organização em homenagem ao "Isnut" ocorrido em 2010. Créditos ao Bruno Federer

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Sua Majestade, Rafael Nadal


Era uma vez um cidadão chamado Rafael Nadal. Aos 19 anos já havia conquistado Roland Garros pela primeira vez, e assim se repetiu em 2006, 2007, 2008, 2010, 2011, e agora, 2012. O espanhol derrotou Novak Djokovic por 3 sets a 1, se tornou o maior campeão da história do Slam parisiense,ultrapasando Borg, e derrotando o seu algoz das últimas 3 finais de Grand Slam, uma vitória maiúscula, para consolidar o título de Rei do Saibro, que muitos contestavam por faltar a hegemonia absoluta em Roland Garros... Não mais...

Em um jogo que começou neste domingo e terminou nesta segunda, vimos nos dois primeiros sets um Nadal focado, agressivo, com um "revés fundo", com grande aproveitamento de saque, e do outro lado, um Djokovic nervoso, errático, e que não encontrava tática pra derrotar o espanhol. No primeiro set, Nadal quebrou o saque do sérvio em duas oportunidades, abriu 3/0, sacou em 40/30 para abrir 4/0, mas desperdiçou a chance. Assim, viu o sérvio crescer, mas no sétimo game, com dupla falta no break point, o espanhol não perdoou mais e fehou em 6/4.

No segundo set, o jogo continuou no ritmo do primeiro, e após paralisações devido a chuva, Nadal fechou o set em 6/3. Após ser quebrado, Djokovic, irritado, descontou a raiva no banco onde senta durante os intervalos e acabou quebrando-a. Mostra de que a confiança absurda de 2011 do sérvio não está mais presente...

No terceiro, que estava encaminhando para ser o derradeiro, Nadal abriu 2/0. Aí, Djokovic relembrou o que havia jogado o ano passado, se tornou brilhantemente agressivo, embalou, aproveitando-se da queda de rendimento no saque e do encurtamente do revés do espanhol, venceu 6 games seguidos e fechou o set em 6/2. Este foi o primeiro set perdido pelo espanhol em Paris e em toda a temporada no “saibro vermelho”.

No quarto e último set, Djokovic, aproveitando-se do embalo, abriu 2/0. Após Nadal confirmar em 2/1, o jogo foi interrompido devido a chuva, sendo reiniciado nesta manhã...

Djokovic, que voltou sacando, cometeu 3 erros e viu Nadal voltar ao jogo. Ambos seguiram confirmando seu serviço, até o 6/5, quando Djokovic cometeu uma dupla falta e viu seu adversário comemorar o hepta inédito com sua família...

Rafael Nadal conquista seu 11º Grand Slam da carreira. Já havia o Career Slam, algo inimaginável para os críticos do jogo deste, que o consideram um saibrista defensivo, e que não possuía jogo para vencer na grama e nas quadras hard. Hoje, ele é hepta em Paris, campeão na Austrália, bi em Wimbledon e campeão nos Estados Unidos. O espanhol está agora, a 5 Majors do recorde de Roger Federer, maior vencedor de Slam com 16 títulos.

Só outros dois tenistas têm heptacampeonatos em Slams na Era Aberta: Pete Sampras em Wimbledon e Chris Evert também em Roland Garros. O espanhol chega a incrível marca de 51 vitórias e apenas 1 derrota no saibro parisiense, e agora brigará pelo título de Wimbledon, perdido ano passado para o próprio Djokovic.

O espanhol certamente já é um dos maiores da história. Não podemos afirmar que chegará ao recorde de Federer, mas certamente, sua trajetória estará marcada para sempre, por ser alguém extremamente competitivo, raçudo, que briga por todas as bolas como se fosse a última... Este é o verdadeiro trunfo do espanhol, e que os críticos destem, de alguma forma, têm que se conformar.

11 vezes Rafael Nadal, 7 vezes majestoso somente em Paris. O espanhol já garantiu a “rotina” que vem acontecendo desde 2005, ganhar ao menos um Slam por ano desde o quinto ano do segundo milênio... . Será que ainda vem mais por aí? Ele mostrou que está de volta, e mais do que nunca, está superada a série de derrotas para o número 1 do mundo.

Ao sérvio, resta lamentar a chance desperdiçada de conquistar o Career Slam, já que vinha de 27 vitórias consecutivas em Majors, e tentar novamente este feito no ano que vem...

São sete as cores do arco-iris, sete são as maravilhas do mundo, sete são os pecados capitais, a semana tem sete dias, e sete são a quantidade de títulos de Rafael Nadal em Roland Garros.


Que venha Wimbledon!


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sexta-feira, 8 de junho de 2012

A final dos sonhos




Nadal x Djokovic. Outra vez. Ambos na quarta final de Grand Slam consecutiva. Se enfrentando pela 33ª vez.Djokovic venceu todas as últimas. Em Paris, o espanhol chega sem perder sets e foi quebrado apenas uma vez. Djokovic se torna o nono tenista da Era Aberta a chegar na final de todos os Slams.

O espanhol lutará pelo hepta, para se tornar o maior vencedor da história de Roland Garros. Atualmente está empatado com Bjorn Borg com 6 títulos.

O sérvio tentará o Career Slam. Poucos já conseguiram este feito. Nadal e Federer foram alguns destes. Consecutivamente, só Rod Laver conseguiu. Este feito também está sendo chamado de “Novak Slam”.

Pelas semifinais, Nadal venceu Ferrer em sets diretos. O canhoto continou mostrando consistência no fundo da quadra, cometendo poucos erros, continou sacando bem, e se aproveitou dos erros e da instabilidade mental do seu compatriota.

Na outra semi, Djokovic x Federer fizeram um jogo feio, com muitos erros e muitas quebras. O suíço chegou a ter a vantagem nos dois sets, inclusive no segundo sacou para abrir 4/0, mas, cometendo muitos erros, viu o sérvio chegar e virar a partida. O natural de Bottmingen se despediu de Roland Garros com quase 50 erros não forçados, quase o triplo do sérvio. Venceu quem errou menos...

O retrospecto dos finalistas mostra 18 x 14 para Nadal. No último confronto, em Roma, o espanhol venceu em sets diretos. No último jogo em melhor de 5, no Australian Open, Djokovic venceu de virada em um jogo memorável de quase 6 horas de duração, onde este dois monstros pareciam dar a vida a cada ponto. No saibro, Nadal tem ampla vantagem por 11 x 2.

Provavelmente a evolução do espanhol contra o sérvio desde Melbourne deve-se ao fato deste ter melhorado consideravelmente seu revés, devolvendo mais forte, consequentemente mais fundo. Ano passado, chegava fraco, atrás da linha do T, e assim facilitava bastante a vida do adversário. O saque também evoluiu, este passou a utilizar mais os slices, e assim seu jogo no fundo de quadra, devido ao aumento de confiança adquirida pelo espanhol, segundo o próprio após a final na Austrália(sim, isso mesmo...)

O sérvio já não é mais aquele destruidor do ano passado, inderrubável mentalmente, bastante consistente, e mosntruoso nas trocas de bola. Está se aborrecendo com mais facilidade, consequentemente errando mais, mas mesmo assim está na decisão de mais um Slam e plenamente tem condições de derrotar o espanhol, mas parar isso terá que jogar bem mais do que vem jogando até aqui. Segundo McEnroe, “Djokovic está sentindo a pressão”.

Se tênis fosse tendência, diria que Nadal venceria antes do quinto set, já que claramente vem jogando melhor que o sérvio, vencendo inclusive 2 Masters antes do torneio e sem perder sets no “saibro vermelho” esse ano, tendo vencido 51 de forma consecutiva. Mas do outro lado estará o vencedor dos últimos 3 Grand Slams. Um lutando pela hepta inédito e outro pelo Career Slam. À história!

quarta-feira, 6 de junho de 2012

As semis em Roland Garros

Cento e vinte e oito começaram. Só quatro sobraram. As semifinais no Grand Slam francês foram definidas.O número 1 Novak Djokovic enfrenta Roger Federer, recordista de Slams e campeão deste torneio em 2009. E o hexacampeão Rafael Nadal, com uma campanha impecável até o momento, sem perder sets, enfrentará o compatriota e amigo David Ferrer, especialista no saibro.

Federer e Djokovic chegam as semifinais sem passar confiança nos últimos jogos. O sérvio se classificou de maneira heroica, salvando 4 match points e virando o jogo contra um inspiradíssimo Tsonga para chegar a mais uma semi em Paris. Tentará agora chegar a decisão, algo inédito em sua carreira, e de quebra conquistar o Career Slam, feito no qual consiste em vencer todos os Grand Slams, mesmo que em temporadas diferentes. Na história, só sete tenistas conseguiram esta façanha. Entre eles, estão Nadal e Federer. Nas oitavas, chegou a estar dois sets atrás de Andreas Seppi.

O ganhador de 16 Majors vem de vitória sobre Juan Martin Del Potro, após estar 2 sets atrás no placar, no qual conseguiu a virada após aparentemente o argentino sentir o joelho que o vinha incomodando desde a primeira semana. O suíço também perdeu um set nas oitavas, para David Goffin.

O retrospecto entre ambos mostra 14 x 11 para Federer, mas Djokovic venceu os dois últimos. Ambos fizeram jogos memoráveis, 2 deles no US Open 2010 e 2011, onde o sérvio precisou salvar match points antes de alcançar a decisão. Outro jogo memorável foi na mesma Philippe Chatrier, onde Djokovic vinha de uma série espetacular de mais de 40 vitórias consecutivas, e foi parado por Federer, adiando sua ascensão ao topo do ranking mundial. O sérvio venceu os dois últimos confrontos, o último deles no saibro de Roma em sets diretos.

Não apostarei em nenhum, pois certamente, como as outras partidas, será imprevisível. Mas será importantíssimo para Roger Federer o uso do slice, pois em alguns momentos parece que este desconhece este golpe, e trocar bolas com Novak Djokovic não é o melhor caminho... A Djokovic, resta atacar o revés do suíço, onde é claramente o ponto fraco deste, e não cometer tantos erros como na última partida. Aliás, este último vale para ambos...

A outra semi será entre Rafael Nadal x David Ferrer. O malorquino tenta se tornar o maior vencedor da história de Roland Garros. Atualmente, está empatado com Bjorn Borg com 6 títulos. Nadal, após derrotar Almagro, conseguiu sua 50ª vitória no saibro parisiense, e tem apenas 1 derrota, em 2009. Ferrer terá a difícil missão de derrotar seu compatriota no saibro em melhor de 5 sets, algo que somente Robin Soderling já conseguiu até hoje. O retrospecto geral mostra 15 x 4 para Nadal, com o atual campeão em Paris levando vantagem de 13-1 no saibro.

Nadal vem de vitória sobre Almagro em sets diretos. O primeiro sofreu no primeiro set, pois esteve bastante defensivo, e não tao bem nas devoluções, com estas atrás da linha do T, vencendo no tie break por 7/4. A partir do segundo set, jogou mais solto, aparentemente mais confiante, e as coisas melhoraram pro seu lado. Almagro jogou bem, mas faltou o mental como falta para o Ferrer nos pontos importantes contra Nadal. Talvez o jogo defensivo da atual campeão de RG tenha ocorrido por uma questão tática, mas poderia ser também um pouco de nervosismo devido a proximidade da decisão e a importância estratosférica desta... Nadal disparou 36 bolas indefensáveis e cometeu 16 erros.

Ferrer vem de vitória em 4 sets sobre Andy Murray, que não vinha jogando tudo de si devido a uma dor na coluna que o deixou fora do Masters de Roma... Este alcança sua primeira semifinal em Paris, aparentemente algo que já deveria ter acontecido antes, dada a grande experiência deste com esta superfície.


Ambos já se enfrentaram duas vezes este ano, com vitória de Nadal nas duas ocasiões, em Barcelona e em Roma. Ferrer teve chances nestes jogos, mas viu seu adversário jogar muito bem nos pontos importantes, acabou por perder o set e sucumbir mentalmente no outro. É o que falta para o aguerrido número 5 do mundo derrotar um dos, senão o maior saibrista da história.

Promete ser um jogo longo, com muitas trocas de bola. Nadal vem sacando bem no torneio, com o seu revés em constante evolução, com a confiança altíssima após os títulos nos Másters pré RG e ainda não perdeu sets. Ferrer, que perdeu apenas um set até aqui, tentará uma missão aparentemente impossível, derrotar o Nadal em seu torneio favorito em melhor de 5 sets. Jogo para isto não falta, mas um deslize mental pode custar caro outra vez...

A sexta-feira promete!

segunda-feira, 4 de junho de 2012

A passos (muito) largos


O que Rafael Nadal fez hoje contra Juan Mônaco na Suzanne Lenglen não foi algo comum. O espanhol simplesmente atropelou seu amigo, e segundo o próprio, companheiro de video game,por inapeláveis 6/2 6/0 6/0, uma "bicicleta" no número 15 do mundo. Chega as quartas de final cedendo apenas 19 games, e seu adversário será Nicolas Almagro. Curiosamente, o hexacampeão de Roland Garros venceu este mesmo Almagro em 2008 e 2010 antes de se tornar campeão, também nas quartas...

Após o fim do jogo, ficou bem visível a frustração do Monaco após jogar num nível altíssimo(ao menos no início do jogo), e isto só ter resultado em apenas 2 games a seu favor. O argentino começou muito bem, sendo agressivo, mas a cada reviravolta espetacular no ponto por méritos do espanhol, sua confiança foi minando a ponto de perder DEZESSETE games consecutivos... Nadal, na entrevista pós jogo, declarou: “Monaco é um amigo e pode jogar mais do que hoje”.

É impressionante a diferença no revés do espanhol atualmente para aquele do ano passado. Parece que, com sua confiança em dia novamente, Rafael Nadal (re)calibrou seu revés, não deixando mais buracos nesse golpe, como no ano passado, que, com um revés curto demais, muitos jogadores soltavam o braço, especialmente Djokovic...

Monaco, ao menos nos 2 primeiros games, tentava... Agredia o revés do espanhol, ele devolvia... Colocava o espanhol pra correr, o espanhol devolvia... Deixadinha, o espanhol tava lá...

Hoje, Nadal acertou 23 winners, obteve 71% de aproveitamento na rede e viu Monaco cometer 25 erros não forçados...

Em um jogo com direito a “banana shot”(devolução de bola de dentro para fora da quadra) Nadal mostra que está a passos muitos largos na briga pelo hepta. Faltam 3 para se tornar o maior vencedor da história de Roland Garros. Poderá ser o 50º título do espanhol, que acaba de completar 26 anos. Relembrando que ele ainda está invicto no "saibro vermelho" esta temporada. A final será neste domingo. Será que alguém conseguirá impedir este feito memorável? Até agora, os outros concorrentes não mostraram sinal disso... Vamos aguardar...