quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Crítica de "Star Wars - O despertar da força"

"Há muito tempo, em uma galáxia muito, muito distante..."






No ano de 1977, “Star Wars” estreava no cinema. Dirigido por um tal George Lucas, contava a história de um jovem chamado Luke Skywalker que descobre que sua vida está diretamente ligada ao Império Galáctico. Sucesso absoluto nos cinemas, ganhou duas continuações, se tornou uma saga essencial para a história do cinema e ganhou uma legião de fãs. Em 1999, treze anos após o esperado, ganhou o primeiro episódio, e nos anos seguintes, as continuações subseqüentes, que não mantiveram o nível da trilogia original. O gungan Jar Jar Binks foi considerado o personagem mais odiado da história do cinema, e Darth Vader, por outro lado, o mais icônico dos vilões.

Em 2012, a LucasFilm foi vendida para a Disney por um valor astronômico, e resolveram continuar a história de Luke Skywalker nos cinemas, para grande surpresa e também apreensão de todos. Com o tempo passando, a expectativa foi aumentando, até atingir o patamar de “filme mais aguardado de todos os tempos”, e, 3 anos depois, esta espera terminou. O sonhado 7º episódio estreia nos cinemas, e que filme, meus amigos, é tudo que todos nós estávamos esperando...

Dirigido por J. J. Abrams, de “Missão Impossível 3” e do excelente reboot de “Star Trek”, outra icônica saga de ficção científica, e roteirizado pelo próprio junto com Lawrence Kasdan, o roteirista de “O Império contra ataca” e “O Retorno de Jedi”, o longa se passa 30 anos após virmos Luke Skywalker, Han, Leia, Chewie e outros pela última vez. Estão de volta o elenco original, com Mark Hamill, a lenda Harrison Ford, Carrie Fisher, Peter Mayhew, entre outros. John Williams, o criador da inesquecível trilha sonora, também está de volta.

Vader e o chanceler Palpatine se foram, mas o antigo Império, agora chamado de Primeira Ordem, controla a galáxia através de Kylo Ren, um Cavaleiro de Ren que, como qual, idolatra Darth Vader e os Sith. É um personagem complexo, ambíguo, vivido muito bem por Adam Driver. É uma figura trágica, tentando buscar seu lugar no mundo, e ainda jovem, por isso demonstrando as características personalidades de alguém da sua idade. A Aliança Rebelde, agora chamada de Resistência, é liderada pela agora General Leia Organa, que busca reencontrar seu irmão desaparecido, Luke Skywalker, o que é de fato o maior mistério do filme.

Os novos personagens, vividos por John Boyega e Oscar Isaac, estão muito bem representados. O primeiro, Finn, um ex Stormtrooper renegado, como já mostrava o trailer, também busca seu lugar no mundo. É um personagem carismático, que pouco sabemos de seu passado, e também o alívio cômico do filme, demonstrando maturidade e infantilidade em algumas cenas. Poe Dameron, interpretado por um ator de ascendência latina, é considerado o melhor piloto da galáxia e também tem uma função bem estabelecida na trama. Interessante notar que as chamadas minorias étnicas ganharam lugar de destaque no filme, o que lamentavelmente, foi motivo de protestos de fãs mais radicais. E claro, temos Rey, vivido pela jovem inglesa Daisy Ridley. É uma personagem interessantíssima com personalidade forte, cativante, e assume o protagonismo aqui. A atriz se entrega de corpo e alma a personagem, e sem dúvidas, temos uma das personagens femininas mais icônicas do cinema, para deixar as feministas em polvorosa. Não seria exagero nenhum deixá-la no mesmo patamar de Sarah Connor e da Imperatriz Furiosa, por exemplo...

O filme também tem uma inevitável sensação de nostalgia, aos revermos a dupla Han e Chewie juntas outra vez a bordo da Millenium Falcon, assim como os queridos R2-D2 e C-3PO e a princesa Leia. Temos também a adição do robô BB-8, que mais parece com uma bola de futebol, uma idéia do diretor J. J. Abrams que certamente serve pra atrair o público infantil. Temos também participação especial de Lupita Nyong’o e o mestre das capturas de movimento, Andy Serkis. Não posso adentrar nos personagens destes, mas basta dizer que são ambos de bastante importância para a trama. A Capitã Phasma, interpretada por Gwendoline Christie, de “Game of Thrones”, tem pouco a mostrar, apesar da grande divulgação que sua personagem teve.

Deixando de lado o CGI exagerado de George Lucas, Abrams aposta na simplicidade e efeitos visuais aqui, tornando a fotografia belíssima e remetendo ao estilo da trilogia original, como o deserto de Jakku, filmado num deserto real, situação parecida com o que fez George Miller em “Mad Max – Estrada da fúria”.


Com diversas referências aos filmes anteriores da saga, até podendo dizer que serve de continuação e reboot, o sétimo episódio devolve à saga o que faltou nos três primeiros episódios, e com bastante humor, as vezes até um pouco exagerado, talvez em virtude do efeito Disney, mas que não compromete no geral. Temos cenas emblemáticas, drama, mistério, reviravoltas, revelações chocantes e claro, a boa e velha luta de sabres de luz, com uma conseqüência importante para o futuro da saga. Muita coisa é explicada, mas ainda fica muito em aberto, mostrando a extrema confiança que a produção tem na história, e ainda há muito pra ser contado... A Força despertou, melhor do que nunca, e é o filme que todos nós estávamos esperando!  Que esteja com todos nós! 

Nota: 10