sábado, 10 de agosto de 2013

Mais um capítulo



Logo mais, as 21h, teremos Nadal desafiando Djokovic por uma vaga na final do Masters do Canadá. Será o 36º confronto entre ambos, o primeiro após a epopeia de quase 5 horas em Paris. Na superfície hard, a vantagem é do sérvio por 11 x 5. A última vitória do espanhol sobre seu adversário no cimento foi no US Open 2010. Vale lembrar que é o primeiro confronto em quadra rápida após aquele duelo titânico na Rod Laver Arena ano passado.

O número 1 do mundo tenta chegar à final e defender seu título. Até aqui, perdeu apenas 1 set, na única partida em que jogou mal, anteontem. Ontem, pelas quartas, contra Gasquet, esteve praticamente impecável, com excelente aproveitamento no saque, e mudando a direção da bola com facilidade.

O novo nº 3 do mundo a partir de segunda-feira chega aqui sem perder sets. Jogando seu primeiro torneio desde a queda precoce em Wimbledon, vem se mostrando muito agressivo, inclusive vale ressaltar que até ontem esteve bem mais próximo à linha de base para receber o saque. Era perceptível que no saibro se posicionava uns 2m atrás desta, adotando uma postura mais defensiva. Acredito que seja essencial para o malorquino também se posicionar mais à frente hoje, porque numa quadra hard, mesmo não sendo a mais rápida do circuito, não é nada bom jogar na defensiva contra alguém como Djokovic. O revés também está eficiente, assim como o saque. Nadal que fique atento num 2º serviço porque todos sabemos o poderio do sérvio nas devoluções.

Como o jogo será à noite, a quadra estará um pouco mais lenta que durante o dia, favorecendo ambos, e as trocas de bola. Deverá ser um jogo, pra variar, de muita luta, raça, e claro, correria. O espanhol aparentemente está recuperado do joelho, inclusive já abandonou as bandagens, e Djokovic estará com vontade de manter sua hegemonia nas hards.

O sérvio, inclusive, ainda tem para defender este ano o vice no US Open e o título do ATP Finals. O espanhol não defende absolutamente NADA até o Australian Open. A briga pelo número 1 será certamente interessante.


Será aquele jogo que todos já conhecemos, e acredito que será decidido em 3 sets. Quanto a palpites, pode ir pra qualquer um.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Crítica de "O homem que ri"




Desde que vi "Nosferatu- Uma sinfonia do horror", de F. W. Murnau, de 1922, fiquei bastante interessado no chamado cinema expressionista alemão. Um cinema mudo, com o uso de frases na tela para simbolizar os diálogos, e no caso de Nosferatu, um jogo espetacular de luzes e sombras, e cenários assustadores, e surreais, para simbolizar os sonhos do ser humano, uma versão distorcida da realidade, como visto em "O gabinete do Dr. Caligari". O longa de 1920 pode ser considerado um marco nos filmes de terror e da história do cinema. Primeiro, pelo já mencionado cenário, e por ser um dos primeiros filmes com uma grande "bomba" no final, o que torna o filme tão surpreendentemente espetacular e simplesmente genial cada detalhe do seu cenário. Conrad Veidt está impecável como Cesare, o sonâmbulo hipnotizado pelo Dr. Caligari, mostrando um lado sombrio do ser humano, e como a loucura está simbolizada em muitos aspectos no decorrer do filme.

Sete anos depois, o mesmo Conrad Veidt está em outro clássico do expressionismo alemão, numa atuação até melhor que a anterior. Baseado no romance de Victor Hugo, Veidt vive Gwynplaine, o filho de um nobre inglês que teria traído o rei James II da Inglaterra. Então, o pai do personagem sofre dolorosa pena devido ao ato, e o filho também acaba pagando pelo delito do seu pai, tendo seu rosto desfigurado num macabro e eterno sorriso.

O garoto, orfão, no meio de uma nevasca, resgata um bebê dos braços da mãe, que havia sucumbido ao frio, e ambos são criados por Ursus.

O tempo passa, e o agora adulto Gwynplaine é um palhaço, e por onde passa todos riem da sua aparência. Ele, de bom coração, se sente muito infeliz com isto, e seus sentimentos estão muito bem expressos nos olhares do ator Conrad Veidt, transmitindo perfeitamente as emoções pelas janelas da alma humana, nos momentos em que, constrangido, cobre sua boca com um pano.

Com o decorrer do filme, percebemos que Dea, o bebê outrora resgatado pelo menino, que é deficiente visual, é a única que realmente enxergará Gwynplaine como ele é, por dentro, a única que enxergará o verdadeiro, aquele de corpo e alma. O filme lida com o preconceito da sociedade em lidar com o diferente. Ou esta tem medo, ou zomba daqueles que não são iguais a maioria. Certamente, esses valores não mudaram até hoje. O filme pode ser compreendido também como uma crítica a aristocracia, a alta sociedade européia existente durante a Idade Média, e durante a Idade Moderna.

Com a direção de Paul Leni, é um filme grandioso, com atuações extraordinárias, cenários muito bem inseridos, e é um filme que eternamente se manterá atual devido aos valores apresentados. Não precisa nem falar que foi este filme que inspirou Bob Kane a criar o personagem Coringa...

Nota: 10