sexta-feira, 11 de março de 2016

Crítica de "A Bruxa" (2015)



Se você está planejando adentrar na sala de cinema na expectativa de que vai ver mais um filme assustador, com mortes sangrentas, sustos deliberados e uso abusivo de CGI, passe longe! “A Bruxa” é um terror de arte, no qual vai soltando elementos no decorrer da trama, até chegar a um clímax apavorante, assim como vimos nos clássicos “O Exorcista” e “O Bebê de Rosemary”.

Estamos na Nova Inglaterra, EUA, em 1630, onde uma família camponesa muito pobre vai morar nos arredores de uma floresta, e seu filho caçula é seqüestrado. Esta família, formada por fortes valores cristãos, atribuem o desaparecimento a uma bruxa que vive na floresta.

O longa acerta em representar muito bem a época, seja nas vestimentas ou na linguagem, com o uso de palavras em desuso como “vós” e “sois”. O diretor estreante Robert Eggers, com um orçamento de apenas US$ 3,5 milhões em mãos, e que foi premiado no Festival de Sundance, prefere se utilizar da luz natural e de velas nas cenas, dando uma fotografia limpa e um tanto sombria à noite. O elenco, então desconhecido, possui atuações surpreendentes, em especial de Anya Taylor Jay, que interpreta Thomasin, e Harvey Scrimshaw, o garoto Caleb, que nos entregam atuações perturbadoras, como se fossem veteranos no gênero do terror.

Com uma narrativa lenta, o que pode incomodar quem está acostumado a filmes como “Invocação do Mal”, por exemplo, o diretor vai explorando aos poucos a convivência da família, onde a fé exacerbada acaba culminando em um série de acontecimentos que mudará o rumo desta para sempre. Até um certo ponto, suspeitamos que a bruxa não é real, até chegarmos a uma reviravolta na trama e tudo ficar claro (ou nem tanto assim).

Há poucas cenas assustadoras de fato, mas o suspense está sempre presente, seja na floresta, ou até mesmo dentro de casa, naquele clima melancólico de um jantar a luz de velas, e muitas vezes pelo silêncio total ao redor da casa.

Realmente existe uma bruxa na floresta? O que é o pecado e quais as consequências de cometê-lo, do ponto de vista de uma simples família camponesa do século XVII? É por esse meio que o filme é guiado, deveras ignorante, mas totalmente pertinente com a época, visto que a Idade Média e a Inquisição ainda era algo recente, e alguns anos adiante ocorreu o julgamento das Bruxas de Salem.

Os minutos finais são simplesmente apavorantes. Tudo foi bem construído até chegar ao clímax, e este te fará ficar grudado na cadeira, apenas apreciando o desfecho desse excelente filme, que, repito, não é para um público qualquer. Se você está familiarizado com Regan MacNeill, com o vampiro Nosferatu e outros filmes de terror antigos, seja bem vindo, o velho terror ainda vive! Você certamente verá o melhor filme de terror em muito tempo! E se você tiver uma casa no campo e vir um bode andando por aí, recomendo não trazê-lo para casa...



Nota: 9